Aposentado luta para conseguir medicamento para tratamento de câncer em São Vicente

Vanderlei Costa, de 65 anos, descobriu linfoma há dois anos e meio. Mesmo tendo uma decisão da Justiça favorável, ele ainda não recebeu o Ibrutinibe, uma espécie de quimioterapia oral

Por: Rosana Rife  -  15/05/20  -  13:49
Vanderlei e a esposa aguardam por medicamento para tratamento de câncer
Vanderlei e a esposa aguardam por medicamento para tratamento de câncer   Foto: Arquivo pessoal

A família do aposentado Vanderlei Costa, 65 anos, está desesperada. Ele tem câncer e precisa de uma medicação, de uso contínuo, que custa cerca de R$ 50 mil. Eles tentam na Justiça que o Estado forneça o remédio - um tipo de quimioterapia oral que ameniza os efeitos da doença. E, mesmo com decisão favorável, a Secretaria de Saúde não enviou nada ao paciente até agora.


O Estado foi intimado da decisão judicial, pela primeira vez, em 3 de março. Como nada ocorreu durante aquele mês, em 23 de abril houve nova decisão judicial, explica o advogado da família, Fernando Paulino. “O juiz deu 15 dias para cumprimento da decisão sob pena de arbitramento e aplicação de multa diária e esse prazo encerrou ontem (quinta-feira)”. 


Os parentes correm contra o tempo, porque o aposentado está tendo problemas com o tratamento atual, diz a mulher dele Maria da Soledade Costa, 63 anos. “Fui várias vezes na DSR (Divisão Regional de Saúde), que fica no mesmo prédio do AME (Ambulatório Médico de Especialidades), no bairro Aparecida. Também liguei na quarta-feira para saber se podia buscá-lo ontem. Ninguém atende o telefone”.


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Vanderlei descobriu um linfoma há dois anos e meio. Fez diversos tratamentos e passou por transplante de medula. Mas nada conseguiu frear a doença. “Ele fez transplante de medula, que seria a possibilidade de ficar dois anos livre do câncer. Mas a doença voltou em janeiro, três meses depois. O linfoma dele não tem cura”.


Vanderlei está sendo cuidado no Hospital Guilherme Álvaro (HGA). Maria Soledade, no entanto, diz que há momentos em que o tratamento não surte mais efeito. 


“Antes, o linfoma afetava o baço, meu marido ficava com o abdômen inchado. Só há uma diminuição do problema com a quimioterapia. Após o transplante, apareceu um caroço no pescoço e uma massa atrás do coração, causando falta de ar. Ele voltou a fazer quimio, mas apresentou reações fortes”.


Para sobreviver de forma menos desconfortável, a médica, então, prescreveu o medicamento chamado Ibrutinibe (140g). “É uma quimioterapia oral, um remédio que ele tem que tomar todos os dias para evitar que essa massa cresça. Não vai curar, mas vai dar uma condição de vida melhorar para ele”.


O problema é o preço dos comprimidos. As doses suficientes para um mês custam cerca de R$ 50 mil. “Quando a médica contou, pensei ‘vou vender o carro para ajudar a comprar e faço um empréstimo’. Mas daí ela disse que era uso contínuo. Ele tem de tomar quatro vezes ao dia. Não temos condição. Fomos ao Judiciário, porque é um caso de vida ou morte”.


Em nota, o Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista informa que o medicamento Ibrutinibe está em processo de aquisição e será solicitada ao fornecedor agilidade na entrega. A previsão é que ainda neste mês o remédio seja fornecido e a família do paciente será comunicada.


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