Após assaltos diários, moradores da Vila Cascatinha têm medo de sair de casa

Moradores do bairro de São Vicente dizem que nem a presença frequente da polícia intimida os bandidos

Por: Júnior Batista  -  24/01/20  -  21:25
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Moradores da Vila Cascatinha, em São Vicente, não sabem mais o que fazer para evitar os assaltos no bairro. Eles estão apreensivos após uma troca de tiros na última quinta-feira. Dois bandidos assaltaram uma casa na Rua General Etchegoyen, mas um vizinho viu a movimentação, chamou a Polícia Militar, que conteve os dois após revidarem os tiros que os criminosos dispararam contra eles.


Na mesma rua, uma dona de casa de 58 anos contou que não sabe mais como conter os bandidos. Os moradores toparam falar com a Reportagem, mas sem se identificarem.


“Esse bairro sempre foi bom. Moro aqui há mais de 30 anos, entre idas e vindas, mas ultimamente está insuportável”, explica ela, relembrando casos de roubos.


A moradora enumera as vezes em que teve o celular ou outros pertences roubados. “Minha filha tem 18 anos. À noite, não deixo nem ir à padaria”, revela ela, explicando que o estabelecimento fica a duas quadras dali.


Outros vizinhos acompanham a conversa e todos relatam já terem sofrido algum tipo de assalto por ali. Questionados se uma vizinhança solidária poderia ajudar, respondem que também já tentaram. “Tem várias câmeras. Esse bairro está lotado de câmera, dá para ver tudo, mas não adianta, eles não se intimidam”, diz um aposentado.


A dona de casa aposentada diz que busca entender os motivos. “Olha, talvez seja a localização. Mesmo que tenhamos um batalhão aqui ao lado (2º Batalhão de Infantaria Leve), é um bairro próximo ao Centro, com vias que levam a muitos lugares. É fácil fugir”, diz ela, citando avenidas como a Avenida Dr. Alcides de Araújo, que leva à Vila Melo, Jockey e à Cidade Náutica, além da Antônio Emmerich e Nove de Julho, que corta o bairro.


Segundo os moradores, um dos pontos mais críticos é o Largo Professor Clemente Ferreira. Lá, uma placa avisa que há vigilância solidária e também câmeras. Mesmo assim, é um ponto bastante vulnerável, segundo eles.


Uma educadora física de 34 anos, que deixa o filho pequeno com a mãe todos os dias, faz tudo correndo. “Eu chego, já entro e também quando vou sair já deixou tudo preparado e saio correndo. Morro de medo”, diz ela, revelando que a casa da mãe já foi assaltada.


"Levaram cadeiras de plástico, pode? Minha mãe estava em casa, aproveitaram que estava chegando. É um absurdo”, conta ela.


Entre todos os moradores ouvidos, a opinião de que a polícia passa pelo bairro é unânime e positiva. No entanto, todos eles também dizem que isso só não basta para evitar assaltos.


“A gente vira prisioneiro. O jeito é colocar grade, cadeado, corrente e nessas horas até cachorro ajuda. É o que dá para fazer. Temos que viver com medo. Quem conseguir sair do bairro sai. Quem não, sobrevive”, resume uma moradora.


Dicas da PM para se prevenir:


- Não abra a porta para receber encomendas inesperadas (presentes, flores, malas diretas).
- Tenha a chave de sua casa em mãos antes de chegar à porta.
- Fique atento à presença de pessoas estranhas. Antes de entrar e sair de casa, procure se assegurar de que não há estranhos no seu jardim, quintal ou próximo ao portão.
- Mantenha sempre à mão os telefones de emergência da polícia. Conheça a localização dos postos policiais mais próximos.
- Instrua seus familiares e empregados sobre como proceder em caso de perigo ou de visualização de pessoas em atitudes suspeitas nas imediações.
- Não guarde valores em casa. Se preferir usar cofres em sua casa, guarde sigilo quanto à sua existência e localização. Sempre que possível, instale mais de um cofre, de maneira que um deles fique em local distinto de seus aposentos particulares.
- Não tenha armas de fogo em sua casa se você não tiver treinamento específico e autorização dos órgãos competentes.


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