Advogada de São Vicente relata pânico durante pandemia da Covid-19 na Itália

Nina Diniz mora com o noivo em Milão e contou detalhes sobre o lockdown no país, que foi o primeiro a sofrer com a propagação do novo coronavírus na Europa

Por: Cássio Lyra  -  10/07/20  -  11:37
Nina Diniz relatou momentos de tensão em que a Itália passou por conta da pandemia
Nina Diniz relatou momentos de tensão em que a Itália passou por conta da pandemia   Foto: Reprodução/Instagram

A Itália foi o primeiro país europeu a sofrer as consequências da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e, aos poucos, tenta retornar à normalidade. Uma advogada de São Vicente, que mora no país desde o ano passado, relatou momentos de tensão com o aumento de casos, o lockdown e a preocupação das pessoas com o vírus. O país já apresenta queda dos casos de Covid-19, mas segundo ela, "as coisas não vão voltar a ser como antes".


Nina Diniz, advogada internacionalista, de 27 anos, mora junto com o noivo em Milão, uma das principais cidades italianas, conhecida por ser a capital da moda, com grande passagem de turistas. Segundo ela, a onda do coronavírus chegou ao seu conhecimento em janeiro, com os primeiros casos na Ásia. Na Itália, o primeiro caso da Covid-19 foi diagnosticado em fevereiro.


"Quando soubemos do primeiro caso, os voos da Ásia para Itália foram cancelados. Milão é uma região que recebe muitos turistas, inclusive muitos asiáticos, e começamos a perceber uma certa diminuição no número de pessoas nas ruas, nas lojas e restaurantes. Isso foi ficando nítido. Dia 16 de fevereiro tivemos a confirmação de um caso de um idoso, em uma cidade vizinha de Milão. A partir daí, reparamos que os casos estavam aumentando. Até achamos, por um instante, que era sensacionalismo da mídia", conta.


A pandemia fez com que, em março, o governo italiano decretasse fechamento da região da Lombardia, devido o aumento dos casos e superlotação de hospitais. Segundo Nina, houve pânico em todo o país. "Quando houve o decreto na Lombardia, junto com o lockdown em Milão, nós vimos muitas pessoas se apressando em fugir para não ficarem trancadas em casa. Houve uma procura grande de aeroportos e  estações de trem. A Itália tinha fechado toda", explica a advogada.


A quarentena em Milão e nas demais cidades italianas foi seguida à risca pela população local. "Não tinha essa de furar a quarentena. Tinha muita polícia na rua e a multa era alta, chegava em 200 euros (cerca de R$ 800). Quando saía para o mercado, farmácia, era obrigatório ir em locais que eram perto da própria casa, não era permitido ir para muito longe".


Até esta quinta-feira (9), a Itália registrou um total de 242.149 casos de coronavírus, com 34.914 mortes e mais de 193 mil recuperados, segundo dados da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. O país vive, agora, o regresso do vírus, com comércios voltando a funcionar, assim como restaurantes e demais estabelecimentos. No entanto, todos têm restrições e seguem orientações de saúde. Mesmo assim, a advogada acredita que as coisas não vão voltar a ser como eram.


"Estamos voltando à normalidade, mas não acredito que as coisas vão voltar a ser como antes. Algumas das empresas estão aprovando a medida de trabalhar de casa, para evitar o fluxo de pessoas nas ruas. Nos ônibus é obrigatório usar máscara e luva, shoppings e restaurantes estão funcionando, mas com restrições de distanciamento, álcool em gel e aferição da temperatura. Estamos próximos de voltar ao normal, mas igual a antes nunca mais vai ser. Todo o povo italiano sofreu muito", relata.


Advogada brasileira vive na Itália desde o ano passado
Advogada brasileira vive na Itália desde o ano passado   Foto: Reprodução/Instagram

Ao todo, a advogada afirmou que ela e o noivo ficaram 72 dias em casa, saindo somente para compras em mercados e farmárcias - serviços essenciais que operaram durante o lockdown. Ela retornou ao trabalho presencial em seu escritório no mês de maio, e segue com a rotina. "Os mercados voltaram ao normal, até em questões econômicas. Durante a pandemia, gastávamos 90 a 100 euros (cerca de R$ 600), agora voltamos a gastar cerca de 60 euros (cerca de R$ 360), a cada 15 dias".


Família e vídeos alertando


Quando vivia o ápice da quarentena, Nina usou suas redes sociais para gravar vídeos, alertando não somente seus familiares, mas também amigos próximos no Brasil, imaginando que o país poderia passar por uma situação parecida com a que ela viveu.


"Eu usei o tempo livre em casa para gravar vídeos e postar nas minhas redes sociais para alertar as pessoas sobre a pandemia. Conversei com amigos para alertá-los de que tratava-se de coisa muito séria". explicou.


O mesmo valeu para a família, a maioria, segundo a Nina, moradores de Santos. "Tenho sempre muito contato com meus pais, meus irmãos, avós, meus primos, então eles estão avisados desde o começo. Minha família não sai de casa. Tentei avisar as pessoas próximas de tudo que foi jeito. E com isso, eles estão tomando os cuidados desde o começo".


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