489 anos de São Vicente: Quase cinco séculos de pioneirismo

Porto das Naus é considerado o primeiro píer para atracação de caravelas no Brasil

Por: Da Redação  -  22/01/21  -  11:28
Atualizado em 22/01/21 - 11:42
Porto das Naus é considerado o primeiro píer para atracação de caravelas no Brasil
Porto das Naus é considerado o primeiro píer para atracação de caravelas no Brasil   Foto: Alberto Marques/Arquivo AT

De forma oficial, São Vicente completa hoje 489 anos. Sua história, porém, remonta a três décadas passadas. Trinta anos antes da fundação, em 1502, o navegador português Gaspar de Lemos promoveu uma expedição no território. O objetivo inicial não era colonizar o Brasil, mas garantir a Portugal a posse do que seria o território brasileiro — ao qual Pedro Álvares Cabral havia chegado em 22 de abril de 1500.


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A ilha foi denominada São Vicente porque a chegada dos primeiros expedicionários ocorreu em 22 de janeiro, dia de São Vicente Mártir, padroeiro da família Bragança, que patrocinava viagens a territórios estrangeiros. Teriam ficado no território vicentino João Ramalho e o bacharel Cosme Fernandes.
Ainda assim, entretanto, o lugar foi praticamente relegado ao abandono e sujeito a invasões de piratas ingleses e holandeses, que acreditavam na existência de ouro em abundância na ilha. Franceses e espanhóis exploraram riquezas naturais, como exemplares da árvore pau-brasil e pele de onça, e as levaram para seus países.


A ocupação foi incipiente: cartas náuticas e textos de navegadores europeus davam conta de que, em 1530, havia na ilha dez ou 12 casas e uma torre para proteção contra os índios, nativos do local. A população era composta de degredados — condenados ao exílio e expulsos de Portugal. Indígenas eram vendidos como escravos.


A situação se mudou a partir de 22 de janeiro de 1532, quando o navegador português Martim Afonso de Sousa chegou à ilha, recebido por João Ramalho. Nela, formou a primeira vila do Brasil e estabeleceu nela a primeira Câmara das Américas. Os integrantes desse Poder Legislativo foram eleitos em 22 de agosto daquele ano.


Essa expedição, agora com o intuito de ocupar o território, serviu para dar fim ao tráfico de pau-brasil e dar início à colonização, com desenvolvimento econômico. Em outras viagens, Martim Afonso trouxe cabeças de gado e mudas de cana-de-açúcar, estas últimas oriundas dos Açores, em Portugal. O cultivo, contudo, foi mais bem-sucedido em Pernambuco.


O núcleo populacional, composto por uma igreja, a casa de Câmara e Cadeia e um pelourinho para punição de criminosos. Um maremoto destruiu essas estruturas em 1542. A atual Igreja Matriz data de 1757 e é a terceira delas (corsários destruíram a segunda construção, de 1598).


PORTO PIONEIRO


São Vicente também abrigou um porto, considerado o primeiro píer para atracação de caravelas no Brasil: o Porto das Naus, que, conforme se supõe, estava ativo já em 1493, antes de Cabral aportar em Porto Seguro, na Bahia.


Consta que um militar, explorador e administrador português chamado Francisco de Almeida navegou pelo litoral vicentino a fim de estudar a elaboração do que seria, em 1494, o Tratado de Tordesilhas — no qual se definiria quais terras “descobertas e por descobrir” caberiam ao Reino de Portugal e à Coroa de Castela (Espanha).


Esses elementos fazem do Porto das Naus, hoje em ruínas, um dos mais relevantes marcos para a história da fundação de São Vicente e para a colonização do Brasil. O porto da vila foi deixado de lado após a criação da Vila de Santos, por volta de 1546, onde há o Canal de Enguaguaçu, mais favorável à atracação de embarcações e à movimentação de cargas.


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