Travessia de balsas gera caos na Avenida Rei Alberto, em Santos

Fila preferencial entre Santos e Guarujá causa transtornos a moradores da Ponta da Praia

Por: Da Redação  -  07/06/19  -  15:15
  Foto: Carlos Nogueira/AT

A fila para a travessia de balsas entre Santos e Guarujá não atrapalha apenas motoristas, que chegam a ficar mais de uma hora aguardando para fazer o percurso. Moradores e comerciantes da Avenida Rei Alberto, na Ponta da Praia, em Santos, também estão sendo afetados pelos reflexos dos problemas dos serviços.


A principal queixa é a fila do embarque preferencial, que em muitos momentos do dia avança pela avenida, impedindo a entrada e saída de veículos dos imóveis. “Se antes a gente tinha problemas para sair de casa só na alta temporada e em feriados prolongados, agora isso ocorre em qualquer hora e qualquer dia”, afirma a síndica de um edifício residencial, Edirose Requena.


O engenheiro civil Gilberto Dias mora a poucos metros da Rei Alberto, mas não precisa sair de casa para saber quando há filas. “Ouvimos um buzinaço quando tem demora no embarque. É cada vez mais comum isso acontecer depois das 20 horas. Não temos sossego”, diz.


A professora aposentada Maria Lucia Puzzi costuma registrar os congestionamentos na porta de sua casa e postar nas redes sociais. “É desumano com quem está nos carros aguardando, no calor, e com os motoristas de ônibus que têm que ficar dando voltas para tentar parar aqui. Na temporada essa fila já chegou até os clubes. Um horror”, lembra ela, que fez uma campanha no prédio onde mora para oferecer água e banheiro para quem fica horas no aguardo da travessia.


Além dos moradores


O transporte público também é afetado. Na via, estão instalados os pontos finais dos ônibus seletivos que vão para a Ponta da Praia e de, pelo menos, outras quatro linhas dos circulares municipais. “Não conseguimos parar no ponto final. Nos momentos mais críticos, a CET vem e interdita este ponto (o do circular 4, que fica perto do Mercado de Peixes) e temos que fazer o embarque e desembarque de passageiros bem na esquina, com o ônibus atravessado na curva”, conta um funcionário da empresa de ônibus que não quer se identificar.


A situação é acompanhada de perto pelo jornaleiro José Francisco. Além de sua banca ficar em frente ao ponto de ônibus, ele é morador de Guarujá e faz a travessia todos os dias. “O dia que a Dersa trabalha com apenas quatro balsas, é fila na certa. Não tem erro. Eu desisti de vir de carro para cá e pego a barca. Mas quando tenho que trazer mercadorias, é sempre dor de cabeça. Já fiquei, mais de uma vez, 1h20 na fila esperando”, lamenta.


O gerente de um estacionamento que funciona no local tem que fazer as vezes de agente de trânsito para não ter o negócio prejudicado. “Há meses que a entrada do estacionamento fica interditada pela fila nos horários de pico. Para que os mensalistas consigam tirar o carro daqui, eu tenho que ir para a rua e segurar o fluxo da fila para eles saírem”, afirma Wladimir Areias Teixeira.


Concessão


A Dersa lembra que já foi iniciado o processo de concessão do serviço à iniciativa privada, que deve ocorrer a partir de 2020. O governador João Doria enviou à Assembleia Legislativa o projeto para extinguir a companhia.


CET faz alteração provisória para aliviar o problema


Para minimizar os problemas, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos fez uma alteração provisória, aumentando a área de espera para o embarque preferencial. Com a alteração do local da entrada, foi possível ampliar de 8 para 45 o número de veículos que ficam aguardando entrada na área da Dersa.


A promessa é de que, com a reforma da Ponta da Praia, esse espaço possa abrigar 129 carros. “Mas isso só funcionará bem se a balsa funcionar bem também. Não há solução viária que supra a inoperância a que chegou a situação”, afirma o diretor-presidente da CET-Santos Rogério Vilani, que pondera ainda que a capacidade de transporte da travessia vem diminuindo, enquanto a demanda está em crescimento.


Dersa fala em diálogo


Por nota, a Dersa afirma que “mantém diálogo constante com a Prefeitura para encontrar a melhor alternativa” e que faz ajustes operacionais, aumentando uma faixa de rolagem dentro do bolsão de embarque quando a fila da prioridade está próxima de chegar à Avenida Rei Alberto I.


O órgão estadual esclarece que, sobre as queixas de redução de balsas em operação, “alguns fatores podem influenciar na retirada das embarcações, como, por exemplo, a movimentação de navios no maior porto da América Latina, as condições climáticas e as quebras das embarcações” e que tem atuado na agilidade da manutenção, com equipes em tempo integral e na compra de novos motores e peças.


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