Terreno do Avenida Palace pode ter prédio residencial, em Santos

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) analisa um pedido que pode resultar na construção de um prédio residencial de 18 andares atrás do imóvel tombado que abrigou o icônico hotel Avenida Palace, no Gonzaga.

O imóvel neoclássico sofre com o abandono desde que fechou as portas, em fevereiro de 2018. Conforme o projeto ainda em análise, a torre residencial seria erguida numa área não protegida, nos fundos do hotel que completaria um século no ano que vem.

O imóvel faz parte da lista de bens tombados na Cidade, mas com proteção limitada às fachadas (frente e lateral), volumetria, telhado e hall de entrada (ambiente interno da portaria e alpendre), “excluindo-se demais compartimentos internos do conjunto e o edifício sito à Rua Marcílio Dias, 27, esquina com a Rua Othon Feliciano”, conforme dados do órgão. 

De acordo com o presidente do Condepasa, Márcio Nacif, o grupo empresarial dono da construção histórica protocolou consulta prévia para recuperação do espaço. A medida analisa a viabilidade da intervenção para o possível desenvolvimento de projeto, que deve ser aprovado pelo colegiado santista. 

Nacif explica que a empresa pediu orientações técnicas de recuperação e aproveitamento do espaço fora das regras de proteção de imóveis tombados. A proposta prevê o restauro das áreas tombadas, com uso dos espaços sem proteção para o empreendimento imobiliário. 

Inspirações

A ideia é utilizar o mesmo modelo que possibilitou a construção de um imóvel residencial no terreno da antiga Faculdade de Filosofia, no Pompeia, sendo apenas a sede protegida pelo Condepasa.

A costura jurídica usa como base o modelo do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em outubro de 2010 pelo Ministério Público, que possibilitou a recuperação do Castelinho, no Centro. Após a reforma, a antiga sede do Corpo de Bombeiros passou a sediar a Câmara dos Vereadores.

“É um modelo que prevê destinação e ocupação do bem tombado. Nada adianta recuperar um imóvel e deixá-lo fechado”, avalia Nacif.

O arquiteto e coordenador do projeto de recuperação do espaço, Jaime Calixto, afirma que a proposta segue em debate com representantes do Condepasa e Ministério Público. “São mais de quatro anos de estudo com o apoio de uma equipe de alto nível técnico. A proposta é encontrar uma solução viável jurídica e economicamente”. 

O Grupo Mendes, dono do imóvel, não quis se pronunciar sobre o projeto.

Histórico 

• O hotel Avenida Palace foi construído em 1920. Por “constituir importante exemplar arquitetônico, testemunho físico da história social e urbana” da Cidade, o imóvel foi tombado pelo Condepasa em 2008. O processo levou quatro anos. 
• Localizado no número 10 da Avenida Presidente Wilson, o imóvel ocupa quase 20% da quadra em frente ao mar, em um dos endereços mais valorizados da Cidade. Foi construído pelo empreendedor português Manuel Dias Marcelino, no local onde funcionava um bar.
• Considerado um pioneiro entre os hotéis de luxo da região, o empreendimento contribuiu para  formar um reduto de alta sociedade na orla do Gonzaga.