Tenente dos bombeiros relata experiência em Brumadinho: 'Esperança de encontrar vida'

Único oficial da Baixada Santista a atuar no local da tragédia, tenente Rodrigo Carvalho Eulálio liderou equipe de busca durante uma semana

Por: Yasmin Vilar & De A Tribuna On-line &  -  02/03/19  -  09:30
  Foto: ( Arquivo Pessoal/ Tenente Eulálio)

“Queríamos trazer esperança para a população”. Em meio ao mar de lama e rejeitos do desastre de Brumadinho, em Minas Gerais, no mês de janeiro, o 1º tenente do 6º Grupamento de Bombeiros de Santos, Rodrigo Carvalho Eulálio, atuou na busca por vítimas entre os destroços ocasionados pelo rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão.


Único oficial da Baixada Santistaa ser designado para a missão, o tenente Eulálio destaca que a vivência na cidade mineira foi "fantástica". “Não tem como a pessoa ir até Brumadinho sem repensar questões pessoais. Apesar da tragédia, os moradores tinham esperança em meio ao caos”, relata.


O chamado foi feito pelo Comando do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, por meio de uma lista de voluntários que, juntos, formavam quatro equipes. Os oficiais eram escalados de acordo com as experiências vivenciadas profissionalmente.


Membro da corporação desde 2000, o tenente esteve presente nas principais ocorrências na Baixada Santista, incluindo o incêndio da Ultracargo, em abril de 2015, e a queda do avião do ex-governador e então candidato à Presidência, Eduardo Campos, em agosto de 2014.


Em Brumadinho, a corporação paulista atuou em parceria com as equipes de Minas Gerais e Rio de Janeiro, presentes no local da tragédia durante o mês de fevereiro. A rotina das expedições sempre começava às 9h, e as buscas seguiam até às 17h. Ao fim dos serviços, os oficiais eram descontaminados, para minimizar os efeitos da lama com metais pesados.


Eulálio explica que, apesar do cansaço físico das buscas, o apoio da população serviu como motivação no andamento dos trabalhos. “Os moradores sempre desejavam boa sorte às equipes. Recebíamos cartinhas de crianças, e uma delas, de uma garota de 7 anos, continha um desenho de um bombeiro e um pedido: ‘ache meu pai’”, conta.


Durante uma semana, o tenente ficou responsável por comandar uma equipe de buscas em Brumadinho. A procura por sobreviventes e demais vítimas da tragédia era realizada, muitas vezes, manualmente, em buscas superficiais. A equipe também contou com o apoio do canil para identificar corpos durante os trabalhos.


Quando a força manual já não era suficiente, os bombeiros contavam com a ajuda de maquinários. As retroescavadeiras coletavam os rejeitos de lama para que as equipes de resgate pudessem encontrar vítimas em áreas mais profundas.


“A cada corpo ou parte avistada, tínhamos a esperança de encontrar uma vida. Queríamos achar nem que fosse um pedacinho para confortar a família, e para que pudesse enterrar o ente com dignidade”, narra.


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