Santos aparece em 17º lugar em ranking de maior incidência de mortes por Covid-19

Levantamento aponta que município registra 4,4 óbitos a cada 100 mil habitantes. É o quarto maior índice no estado de São Paulo

Por: Bruno Gutierrez  -  26/04/20  -  11:20
Apesar de Santos estar no 'top 20' em ranking, infectologista pede cautela na análise
Apesar de Santos estar no 'top 20' em ranking, infectologista pede cautela na análise   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Santos é 17ª cidade brasileira com a maior incidência de mortes por Covid-19. Os dados constam em um levantamento realizado pelo portal de notícias G1 junto as secretarias estaduais de saúde do país. O munícipio registra 4,4 óbitos por cada 100 mil habitantes.


Os dados contam as mortes registradas até às 15h de 23 de abril e considera somente as cidades com mais de 30 casos confirmados. No estado de São Paulo, Caieiras, na Região Metropolitana de São Paulo, lidera, com 6,9 mortes. Na sequência, aparecem São Paulo (6,4) e Osasco (4,6). No país, a liderança é de São Lourenço da Mata, município localizado em Pernambuco, com 15,9. 


No entanto, o médico infectologista Evaldo Stanislau pede cautela ao analisar esses números. Segundo ele, Santos realiza muitos testes para o coronavírus. Com isso, o número de registro de casos tende a ser maior.


"Santos faz muitos testes, possui parcerias com muitos laboratórios públicos e privados. Com isso, há um número maior de confirmações. Talvez, quando outros municípios ampliarem esta testagem, Santos mude de patamar", explicou o médico, que comparou a situação a uma corrida, onde hoje o município ocupa uma posição momentânea, mas que não deve permanecer nesta colocação.


Outro ponto ressaltado por Stanislau é a demografia da cidade. Por possuir uma população com mais idosos, que possuem outras comorbidades e estão na faixa de risco da doença, o cenário "ajuda" a explicar o número de casos e mortes.


'Não é o momento'


Evaldo Stanislau também comentou sobre a possibilidade de flexibilização da quarentena, com a possibilidade de uma abertura maior do comércio e o retorno das pessoas às ruas. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deve apresentar um plano para reabertura gradual da economia no próximo dia 8.


"Entendo que a flexibilização é uma meta e uma necessidade. O ponto é quando. Este não é o momento", comentou Stanislau.


Segundo o médico, três pontos são necessários para que se pense na flexibilização: ter o conhecimento do tamanho da pandemia na localidade, capacidade de assistência aos pacientes e a realização massiva de testes.


"Nós não temos o conhecimento do tamanho desta pandemia. Teria que haver testes para todos. E é necessário que seja o teste molecular, o PCR. Não o teste rápido. Na parte de assistencial, acredito que estamos bem atendidos neste momento. Mas imagina abrir de repente, termos os serviços lotados. Por isso que, neste momento, sou contra a reabertura", explicou o infectologista.


Três semanas atrasada


De acordo com um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), os casos de Covid-19 no interior de São Paulo estão três semanas atrás dos números registrados na capital e em regiões metropolitanas. Com a sobrecarga do serviço público e privado na região da capital, o governo do Estado cogitou levar pacientes internados para hospitais do interior. 


Na visão de Stanislau, a iniciativa não é uma boa ideia. "Se está atrasado, o interior, do jeito que anda a carruagem, irá chegar em situações limítrofes, também. Existem cidades pequenas que não possuem a capacidade para um grande volume de atendimento. Seria uma temeridade. Um paciente com Covid-19 possui um tempo de permanência prolongado. Se você leva um paciente da Capital para o interior, daqui a três semanas, as pessoas do interior precisarão de leitos e aquele paciente da Capital ainda estará lá. Onde iríamos internar esta pessoa doente?", questionou o médico.


Um ponto defendido por Evaldo Stanislau é a realização de uma parceria entre governo estadual e a rede privada para a aqusição de leitos para o tratamento de pacientes com coronavírus. A ideia já foi especulada pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, que disse haver intenção do governo de fazer mais uma parceria com hospitais privados, para evitar o colapso.


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