Santistas contrariam orientação e aproveitam manhã de sol no calçadão da praia

Em cerca de 5km, entre os canais 2 e 6, por volta das 9h30 desta quinta-feira (2), a Reportagem contou mais de 300 pessoas caminhando, correndo, passeando com seus cães de estimação.

Por: Rosana Rife  -  02/04/20  -  18:29
Reportagem contou mais de 300 pessoas caminhando, correndo, passeando com seus cães de estimação.
Reportagem contou mais de 300 pessoas caminhando, correndo, passeando com seus cães de estimação.   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Sol e muito movimento no calçadão da praia em Santos. Se não fosse o avanço do número de casos de coronavírus e o período de quarentena adota pelo Município e Estado, seria fácil confundir a quinta-feira (2) com uma típica manhã de domingo ensolarado. Em cerca de 5km, entre os canais 2 e 6, por volta das 9h30, a Reportagem contou mais de 300 pessoas caminhando, correndo, e passeando com seus cães de estimação. 


Havia até uns raros caminhando pela faixa de areia e algumas pessoas adotaram o uso de máscaras nas atividades. O exercício ao ar livre foi apontado como forma de aumentar a imunidade para combater o vírus. 


O aposentado Mário Bonan Filho, 59 anos, diz que adota medidas preventivas para evitar qualquer contágio. Ele sai de casa com com tubo de álcool em gel e vai usando sempre que necessário, o que inclui antes de sair de casa e no retorno.


Sol e muito movimento no calçadão da praia em Santos
Sol e muito movimento no calçadão da praia em Santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

“Moro sozinho. É muita ansiedade. Meu computador quebrou, estou com o celular somente. A caminhada ajuda. Mas tomo cuidados. Mantenho distanciamento, porque pega pelo contato e não saio sem álcool em gel”.


O advogado Maurício Fonseca, 52 anos, diz que sai uma vez de sua residência, na Ponta da Praia, para uma caminhada de 40 minutos. Ele também tem casa na Capital e, há duas semanas, optou por Santos, por causa da tranquilidade.


“Fiquei aqui porque acho que estou mais protegido. Moro perto da Paulista e o fluxo de pessoas é muito maior. Venho fazer uma caminhada rápida para reforçar a vitamina D”. Ele conta que depois disso, não sai mais de casa. “Além disso, meu prédio tem álcool em gel logo na entrada e uso. Tem que tomar cuidado com maçaneta, botão do elevador”.


Já o arquiteto Milton Soares, 57 anos, explica que tem um pouco de medo da situação, porém adota medidas de prevenção que julga ajudar a evitar ser contaminado pelo vírus. “Não ando pela faixa intermediária do calçadão para não passar muito perto das pessoas. Tem que manter o distanciamento. Mas a caminhada acho que aumenta a imunidade. Não fumo, não bebo. Sou viciado em exercício físico”.


Preocupação 


O infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau, afirma que aglomerações, mesmo em local aberto, não são adequadas. Segundo ele, o momento ainda é de “gravidade”.


“Do ponto de vista do momento que a gente passa, é um absurdo. O isolamento social foi adotado para que a gente evite que as pessoas  transmitam umas para as outras o vírus. Se elas forem passear no calçadão. Nós vamos falhar nisso”


Vale lembrar que Itália e Espanha, que demoraram para adotar o isolamento social, estão enfrentando números elevados de casos da doença e de mortes. Até os Estados Unidos já avisaram que manterão medidas de isolamento até 30 de abril. “ As pessoas não compreenderam a gravidade do momento”, diz Stanislau.


Logo A Tribuna
Newsletter