Santa Casa de Santos usa árvore para homenagear doadores de órgãos

“É um milagre de Deus. Uma revolução na minha vida”, diz Cláudio Roberto Trotti, 63 anos, após dois anos com um rim novo. A comemoração foi segunda-feira (16), em frente à Árvore da Vida, nome dado pela Santa Casa de Santos a uma árvore no jardim em frente à unidade. Nela, ficarão pendurados corações com as iniciais de doadores. A homenagem chama atenção para a importância do gesto no Setembro Verde, mês de conscientização sobre o tema.

Hoje, o Brasil é o segundo colocado em número de transplantes no mundo, só perdendo para os Estados Unidos. São 20 mil procedimentos por ano, explica o diretor técnico da Santa Casa, Alex Macedo. O país também é o primeiro em que um órgão público, no caso o Sistema Único de Saúde (SUS), dá todas as coberturas para isso.

Os números, apesar de considerados positivos, poderiam ser maiores. Mas para que haja uma alteração nessa trajetória, é preciso muita conversa, seja em casa, no trabalho ou em outros locais, e que cada um expresse a vontade de ser um doador, diz Macedo.

“Temos uma preocupação porque as chamadas mortes violentas, mais passíveis de doação, vêm diminuindo. Há 20 anos, eram 30 por dia na cidade de São Paulo. Hoje são 10. Esse potencial número de doares que vem caindo tem que ser complementado por essa discussão”.

No estado, por exemplo, há cerca de 14 mil pessoas na fila de espera por um rim atualmente. O total de transplantes, no entanto, chega a 6 mil por ano.

“O número pode dobrar se houver notificação de todas as pessoas que morrem em condição de ser doador, com autorização da família. Se as pessoas deixarem os familiares avisados, eles respeitam essa vontade como último desejo dela”, informa o representante Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), José Osmar Medina.

Detalhes

Premiada em 2018 como hospital Amigo do Transplante, a Santa Casa possui serviço de captação de órgãos e vem se tornando a instituição da Baixada que mais realiza notificações à Central de Transplantes do estado.

Em 2017, foram 13 notificações e nove doadores efetivos. Já em 2018, foram 45 notificações e 27 doadores efetivos. “O planejamento para 2020 é transplantar rim e medula. Queremos deixar um centro de transplante para a região na Santa Casa”, acrescenta Macedo.

Aprovada isenção de taxas funerárias

A Câmara de Santos aprovou ontem, em segunda discussão, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 6/2018, do vereador Bruno Orlandi (PSDB), que dá isenção de taxas funerárias municipais para doadores de órgãos e tecidos que morrerem na cidade.

A proposta prevê que os familiares do doador não paguem taxa de sepultamento nos cemitérios públicos, hoje em R$ 30 para quem mora em Santos e R$ 1.218 a residentes de outros municípios. Também isenta das custas de velório, no espaço disponível no Cemitério da Areia Branca, que custa R$ 56.

Comissões da Câmara haviam modificado o texto e incluído também o transporte gratuito do corpo, porém esse serviço não é feito pelo município, mas terceirizado. Assim, uma emenda foi proposta para retirar essa parte. Depois de aprovado, o projeto segue para a sanção do prefeito santista Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

“O objetivo é incentivar a doação de órgãos. Os números são baixos e as doações podem salvar muitas vidas”, destaca Orlandi.