Residentes da área da Saúde vão para a rua protestar por falta de pagamento em Santos

Atuantes na linha de frente contra o coronavírus, profissionais da Atenção Primária à Saúde tiveram que aderir à paralisação por não terem recebido suas bolsas-salários

Por: Nathalia Perez  -  21/05/20  -  00:32
Ato público ocorreu no drive-thru de testagens da Covid-19, em frente ao Mendes Convention Center
Ato público ocorreu no drive-thru de testagens da Covid-19, em frente ao Mendes Convention Center   Foto: Reprodução/Facebook

Profissionais do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde (PRMAPS) de Santos fizeram um protesto, na manhã desta quarta-feira (20), reivindicando uma resposta do Ministério da Saúde quanto à falta de pagamento de suas bolsas-salário.


Quinze profissionais se concentraram na entrada do drive-thru de testes para a Covid-19 realizado pela Prefeitura de Santos, em frente ao Mendes Convention Center, na Avenida Ana Costa. Lá, eles exibiram cartazes alertando a população sobre o drama vivido pelos trabalhadores da área que estão sem receber.


"Tinha um grande fluxo de carros e pedestres. As pessoas paravam para olhar as placas que a gente estava segurando e perguntavam por que a gente estava ali. A grande maioria das pessoas demonstrou apoio", conta a residente em Educação Física, Alice Mogadouro, em conversa com ATribuna.com.br.


Segundo a profissional, o ato público foi uma ação ligada à adesão à paralisação do trabalho de residência no PRMAPS de Santos por conta do problema, que tem abrangência nacional. Além de cobrar das autoridades o pagamento da bolsa-salário, os manifestantes tinham como objetivo visibilizar a causa.


Alice diz que a situação ocorre desde o início do programa de residência, que começou em março, e possui dois anos de duração. Há pessoas que chegaram a ser pagas pelo que trabalharam naquele mês, mas não receberam mais depois. Outras, sequer tiveram acesso a um mês de bolsa-auxílio, de acordo com relatos dela.


A assistente social Christine Albuquerque, que também faz parte do PRMAPS, explica que, de 24 residentes do total do programa, 17 são R1 (isto é, estão no primeiro ano de residência). "Desse total só dois ou três residentes receberam a bolsa no prazo", expõe.


Entre esse grupo de profissionais prejudicados, estão, além de colegas de profissão de Alice e Christine, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, dentistas e terapeutas ocupacionais.


"Desde meados de maio em si, e final de abril, começamos a nos mobilizar fortemente e aderir a um movimento de paralisação. O Ministério da Saúde não está cumprindo os prazos de pagamento que promete. A promessa é que em maio fosse tudo regularizado, mas os prazos já não eram mais confiáveis e estava inviável a atuação no campo", comenta Christine.


Ao contatarem o Ministério, esses profissionais tiveram como retorno que a falta de pagamento se tratava de um erro dos próprios residentes na hora de informar os dados bancários. No entanto, essa versão é vista com estranhamento por eles, já que alguns trabalhadores chegaram a receber a bolsa-salário referente a março, mas não a abril, por exemplo.


A instabilidade política na pasta causada pelas trocas de ministros também é algo que preocupa os residentes do programa em relação ao atraso no pagamento. Porém, o que mais aflige os profissionais da PRMAPS é o fato de não poderem atuar na linha de frente na atual crise sanitária devido ao novo coronavírus pela insustentabilidade da situação financeira. 


"Tivemos que parar de trabalhar porque estava insustentável. A residência é a nossa única fonte de renda. A gente precisava ter dedicação exclusiva. Nossa atuação é importantíssima nesse momento que estamos vivendo, o que prejudica tanto nós, quanto a população que a gente atende", fala Alice.


"As unidades de atenção primária são espaços estratégicos em tempos de crise na saúde. Esperamos que a situação se regularize o quanto antes, pois é inadmissível desassistir profissionais de saúde de suas condições mínimas de subsistência. Reivindicamos, por meio dessa mobilização, a garantia dos nossos direitos de remuneração e permanência no programa", desabafa Christine.


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