Prometido desde 2010, levantamento sobre as árvores atrasa em Santos

Em 2016, Prefeitura disse que faria convênio com universidade. Agora, informa que contratou estagiários para censo em 2019

Por: Bruno Guedes  -  27/11/18  -  17:08
Do Curvão do Marapé à orla, um extenso corredor de árvores dá 'respiro' para o ambiente
Do Curvão do Marapé à orla, um extenso corredor de árvores dá 'respiro' para o ambiente   Foto: Carlos Nogueira/AT

Obrigatórias por lei há dois anos e meio e prometidas pela Prefeitura, no mínimo, desde 2010, a realização e a publicação do censo das árvores de Santos ainda são realidade só no papel. Olevantamento das características, localização e condições de saúde de todos os exemplares da Cidade evitaria quedas frequentes devido à idade avançada e permitiria melhor manejo da vegetação, mais informações ao serviço de podas e, ainda, conhecimento pleno das condições de espécimes – como as palmeiras-reais que foram cortadas pela Prefeitura, na entrada do Município, na semana passada.


As palmeiras foram removidas por causa de obras de infraestrutura, sob a alegação de que não poderiam ser replantadas em outro local por ser pequena a possibilidade de que sobrevivessem.


Fruto de projeto do vereador Sadao Nakai (PSDB), a Lei 3.269/2016 estabelece que o cadastramento de cada exemplar precisa conter espécie, localização, estado fitossanitário (de saúde), periodicidade para corte ou poda, data da última poda e previsão para a próxima e data da vistoria. Também determina a publicação do censo completo na internet.


Neste mês, o vereador apresentou, na Câmara, requerimento de informações sobre a realização e a veiculação do inventário. Para Nakai, conhecer as árvores é essencial, sobretudo, para melhorar serviços de poda, planejar plantio e ampliar áreas verdes de forma adequada.


O vereador lembrou que uma pesquisa da Universidade Santa Cecília (Unisanta), feita em 2009, revelou desequilíbrio na arborização urbana de Santos: a quantidade de áreas verdes do Município é inferior à recomendada pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Em alguns bairros, o número era bem abaixo do ideal.


Mais verde


Mestre em Agronomia, doutor em Botânica e diretor do Centro de Ciências Exatas, Arquitetura e Engenharia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Cléber Ferrão Corrêa defende o censo das árvores como essencial para uma cidade mais verde.


“O cadastro de todas as árvores permite manejo correto. Possibilita saber onde está cada uma e suas condições, acompanhar podas, saber se estão doentes, se são de espécies adequadas para Santos, verificar a idade delas para fazer a troca quando preciso”, explica.


O conforto térmico, diz ele, é outro ponto de atenção. Estudo do curso de Engenharia Ambiental da UniSantos comprovou diferenças de um a dois graus entre ruas bem arborizadas e outras com poucas árvores. Além de garantir sombra, elas capturam gás carbônico e tornam o ar mais puro.


No Brasil, há iniciativas isoladas de inventários de árvores. Há metrópoles mais adiantadas, como Belo Horizonte (MG), que tem o cadastro completo de exemplares de parte do perímetro urbano. A Secretaria de Meio Ambiente da Capital paulista informou que um trabalho de 2010 constatou 652 mil árvores, mas não houve atualização. Uma radiografia de espécimes é comum na Europa.


Para 2019


Em 2016, a Prefeitura anunciou que faria convênio com uma universidade para o cadastramento. Agora, informa que já providenciou a contratação de estagiários para realizar o censo em 2019.


“Dois dos três estagiários previstos nesta primeira fase já estão aptos para o treinamento”, informou a Secretaria de Comunicação e Resultados. Ainda de acordo com Administração, o serviço começará pelo Estuário.


Logo A Tribuna
Newsletter