Projeto apresenta caminhos para mudar a região central de Santos

Escritório do urbanista Jaime Lerner entrega proposta para transformar bairros como Centro, Vila Nova e Valongo

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  05/07/19  -  16:35
Ilustração mostra a construção de uma rampa que levaria até um navio cargueiro, na região do Valongo
Ilustração mostra a construção de uma rampa que levaria até um navio cargueiro, na região do Valongo   Foto: Reprodução

Os potenciais da região central de Santos foram exaltados na tarde desta quinta-feira (4), durante a apresentação de arquitetos do escritório do urbanista Jaime Lerner, de Curitiba (PR). Eles entregaram à Prefeitura um projeto que pode contribuir para aumentar o número de moradores, comerciantes e turistas na região.


Antes da palestra dos profissionais, o secretário adjunto de Desenvolvimento Urbano de Santos, Glaucus Farinello, fez questão de frisar que o conteúdo divulgado se trata de uma proposta que precisa ser analisada e discutida, sem necessidade de ser executada.


“São provocações de cenários e de como podemos enxergar a área central de Santos no futuro. Não necessariamente são ideias consolidadas. Essas provocações permitem que a sociedade possa absorver, discutir e escolher qual caminho quer seguir”.


Farinello entende que o projeto passará por um processo de maturação até o final do ano. “Vamos ter um conjunto de ações debatidas com todo mundo (sociedade, empresários e técnicos) e que vão nortear medidas para o longo prazo, o que traz uma sensação de segurança para quem quer investir no Centro”.


O projeto foi contratado sem custos para a Prefeitura, por meio da Comunitas, uma organização que tem como objetivo contribuir para o aprimoramento dos investimentos sociais corporativos e estimular a participação da iniciativa privada no desenvolvimento social e econômico do País.


Projeto  


Os arquitetos Felipe Guerra e Ariadne dos Santos Daher, do escritório de Jaime Lerner, apresentaram um documento com 158 páginas. O conteúdo aborda investimentos nas interligações viárias e nas ruas (calçadas, iluminação e arborização) para incentivar o movimento na região, além de intervenções urbanísticas com melhor aproveitamento dos espaços.


“Entendemos que existem três elementos muito fortes nesse Centro e bairros próximos: o Mercado e a Bacia do Macuco; o parque do Valongo, que tem a conexão da Cidade com o Porto (a água), além do Monte Serrat, que possui um potencial paisagístico fantástico. É um mirante natural da Cidade”.


Diante da Bacia do Macuco, o projeto prevê a criação de uma arquibancada gramada, que dá acesso ao mercado. O espaço serviria para contemplação, descanso e apresentações artísticas e culturais, com uma plataforma na água.


Pulo do gato


O parque do Valongo, segundo Ariadne, contaria com um espaço aberto, arborizado, mobiliário moderno e uma rampa de sete metros de altura, que seria erguida de forma suave até um navio cargueiro.


“O pulo do gato é o projeto que prevê o cargueiro cultural. Um elemento arquitetônico inédito no mundo. Transformaríamos um navio cargueiro, que excedeu o tempo de uso em um elemento cultural”, explica Guerra.


Além do cargueiro, os arquitetos defendem que o terminal de passageiros de cruzeiros marítimos fique próximo à área do Armazém 8, no Valongo.


“A Cidade recebe 500 mil visitantes (em navios de turismo) por ano. Eles devem descer no Centro Histórico”, destacou o arquiteto.


Comércio


O diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santos (CDL-Santos), Osmmaine Silva da Costa, diz que o projeto contempla ações a longo prazo e os empresários precisam de soluções imediatas.


“É algo bonito, mas queremos ações a curto prazo para manter as lojas e incentivar a chegada de outras”.


Dados da Prefeitura mostram uma pequena queda no número de comércios na área. Em 2016, eram 1.177. Em 2017, foram 1.007. Em 2018, exatos mil.


Intervenções são vistas como viáveis


Entre as muitas questões levantadas na apresentação, as principais foram: qual prazo para concluir as ideias? Quais os valores? Quem vai arcar com os custos? Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Urbano de Santos, Glaucus Farinello, o projeto ainda passará por debates e não tem data para conclusão.


O arquiteto Felipe Guerra, do escritório de Jaime Lerner, apontou que as ideias podem ser executadas a curto, médio e longo prazo, que os valores são relativos e podem contar com investimentos da iniciativa privada.


“Nenhum projeto é faraônico, o escritório trabalha com projetos viáveis. A própria Prefeitura pode começar a implantar. Já é hora de começar, porque esse é um processo longo. Entendemos que em 30 anos vamos conseguir ter um cenário muito interessante, mas, em um, cinco ou dez anos, podemos ter mudanças profundas”.


O arquiteto informa os serviços de revitalização podem começar com ações de requalificação e padronização de calçadas, iluminação e arborização.


“Ao tornar uma rua um lugar seguro e confortável, já fazemos com que as pessoas voltem a andar em espaços hoje considerados perigosos e abandonados”. Guerra ressalta que “não se termina nada que não começa”.


Incentivos


>Santos Criativa


A Prefeitura apresentou à Câmara Municipal, no dia 7 de junho, um projeto de lei complementar que cria o Programa de Incentivos Fiscais Santos Criativa. Se for aprovado pelos vereadores (em recesso) sem alterações, alguns comércios terão isenção total do ISS Fixo (para autônomos, liberais e sociedades de profissionais liberais), no ITBI, na taxa de licença de funcionamento e na taxa de licença de publicidade, além de desconto de 50% no IPTU. OISS Faturamento terá a redução da alíquota para 2%.


>Reformulação do Alegra Centro


A Prefeitura diz que o construtor que quiser fazer habitação no Centro terá isenção do ITBI na compra do imóvel e durante três anos do prazo de construção não paga o IPTU. O comprador também não pagará o ITBI e IPTU por cinco anos.


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