Professora santista deixa país para alfabetizar crianças em Guiné-Bissau: ‘paixão’

Ana Maria Barreto é missionária em projeto de evangelização e alfabetização em países pobres

Por: Yasmin Vilar & De A Tribuna On-line &  -  15/10/19  -  11:52
Ana explica que educação é paga e, por isso, os meninos têm preferência ao serem enviados às escolas
Ana explica que educação é paga e, por isso, os meninos têm preferência ao serem enviados às escolas   Foto: Arquivo pessoal

A distância não foi um empecilho para que uma santista deixasse o país devido a sua paixão. Aos 51 anos, a professora Ana Maria Barreto embarcou com destino a Guiné Bissau, um dos países mais pobres do mundo, para se tornar missionária em um projeto de alfabetização internacional.


Ana Maria tinha um emprego estabilizado como professora da rede estadual de ensino antes de arrumar as malas. Há dois anos, ela decidiu se juntar a Missão Além (Associação Linguística Evangélica Missionária), que tem como objetivo evangelizar e alfabetizar diferentes povos da Ásia Meridional, Sudeste Asiático e África Ocidental.


Ana explica que se preparou antes da mudança para o país africano por meio de estudos e pesquisas sobre a realidade local. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a Guiné-Bissau está entre os dez países com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no mundo.   


Ana é responsável por elaborar material didático e diagnosticar educação em escolas no país africano
Ana é responsável por elaborar material didático e diagnosticar educação em escolas no país africano   Foto: Arquivo pessoal

Com isso, não é difícil encontrar salas de aula a céu aberto e ausência de material didático. Mas para a professora, a extrema carência não afeta o comportamento dos guineenses. "Eu tenho algumas experiências em ambientes de mais carência, mas lá há realmente a necessidade. Aquelas pessoas têm uma alegria e são muito receptivas, mesmo com a situação em que vivem", comenta.  


Ana revela que os índices de analfabetismo entre mulheres são altos devido a questões culturais e econômicas no país. 


"As meninas não vão para a escola porque tudo é pago, mesmo sendo do governo. Então, de geração em geração, elas aprendem a serem donas de casa. Um dia, uma mocinha me pediu para que eu a ajudasse a ler e a escrever. Achei que fosse uma menina, mas era uma mulher adulta. Isso me marcou muito", relembra.


No país, a língua oficial é o português, porém as crianças são alfabetizadas na língua materna mais falada: o crioulo. A educadora é responsável pela produção do material na língua materna. Ela produz livros dos professores e alunos, livros de estórias e cartões de apoio, impressão, treinamento de professores e diagnósticos das escolas.


Durante suas férias na Baixada Santista, Ana está arrecadando livros de literatura, gibis, dicionários e revistas. Todo o material será enviado para escolas da Guiné-Bissau por meio de um contêiner. Para realizar doações é necessário entrar em contato com a professora pelo telefone (13) 98805-1966.


Professora explica que analfabetismo no país é mais comum em mulheres devido à questões culturais
Professora explica que analfabetismo no país é mais comum em mulheres devido à questões culturais   Foto: Arquivo pessoal

Paixão 


Após ter tido várias profissões, Ana resolveu inovar. Optou por fazer uma graduação - depois dos 40 anos - que envolvesse uma das suas coisas favoritas: a leitura. "Eu cursei Letras por sempre gostar de ler e unir isso ao fato de estar em contato com as pessoas. Tudo isso era uma oportunidade para ajudar", lembra. 


Salas de aula refletem realidade de um dos países com pior Índice de Desenvolvimento Humano
Salas de aula refletem realidade de um dos países com pior Índice de Desenvolvimento Humano   Foto: Arquivo pessoal

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