O medo do Coronavírus fez disparar a procura por máscaras de proteção em Santos. A Tribuna foi em lojas especializadas em produtos hospitalares na cidade e constatou alta de até 2.000% nas vendas, mesmo sem nenhum caso confirmado no Brasil. Na China, onde a doença surgiu, já são aproximadamente 20 mil doentes e mais de 400 mortes.
A máscara descartável mais simples é encontrada em caixa com 50 unidades a partir de R$ 13. Essa já impede a passagem de mais de 90% das partículas, segundo os fabricantes. Existem outras com filtros mais potentes que vão até R$ 20 a unidade.
Uma das mais procuradas é a N95, que é mais reforçada contra vírus e bactérias - em torno de R$ 15 cada. Os preços tem grande variação de loja para loja e estão em crescimento. Os próprios fabricantes já começaram a aumentar os valores por causa da alta demanda. Na internet, a mesma máscara já é encontrada por até R$ 100 a unidade.
Dona de uma loja de produtos hospitalares na Rua Monsenhor Paula Rodrigues, na Vila Belmiro, Eliane Borges está assustada com a procura por máscaras. O estabelecimento, que também vende para empresas e hospitais, precisou reforçar os estoques. Nos últimos 15 dias foram vendidas mil caixas com 50 máscaras simples – 5 vezes mais do que esperado para o período.
“A gente está vendendo esse material feito louco, porque a população não está bem esclarecida do que precisa nesse momento. E tem pessoas que não confiam na máscara mais simples, querem a melhor e pagam o que for pedido. É um momento de ter um pouco mais de cautela, se você vai para um aeroporto, tudo bem. Mas não é para tanto”, diz Eliane.
Balconista de outra loja especializada na mesma rua, Rosemary de Jesus Michael conta que a N-95 é a preferida dos clientes dela. Em uma semana foram 2 mil unidades vendidas, quando a média de um período tão curto não chega a 100.
“Tem gente que vem e compra caixa fechada, fala que vai mandar para fora do país, para parentes que já não acham mais para vender”, explica Rosemary.
A comerciante Rita Rios resolveu comprar máscaras para a família como forma de prevenção. “Já tinha o álcool em gel, agora comprei uma caixa com 50 máscaras para minha filha distribuir para os colegas da escola. Tem gente vindo da China e ficamos com receio”.
Sem alarde
O médico infectologista Evaldo Stanislau lembra que o Coronavírus não circula no Brasil. “É desnecessário pânico. As autoridades monitoram a situação e nos informarão. Creio que manter-se informado e, sobretudo, a higiene das mãos sejam as únicas medidas necessárias”.
Para ele, as pessoas não precisam tomar precauções individuais. “Do ponto de vista de Saúde Pública e das autoridades sanitárias, sem dúvida. Mas sem alarde ou exagero. Aos contactantes de eventuais casos confirmados, o indicado é o monitoramento clínico e eventualmente quarentena de 14 dias”.
No caso das máscaras, Stanislau diz que a comum é a indicada. “A N95 apenas para profissionais ou em situações que produzam partículas de gotículas menores (aerossol), como quando aspiramos secreções ou fazemos inalação”.
O infectologista Leonardo Weissmann também acha que é necessária calma. “Não há necessidade de correria atrás de máscaras. Mesmo que tenhamos um ou outro caso isolado, não será necessário. Usa-se máscara cirúrgica nos indivíduos identificados como casos suspeitos, desde o momento da triagem até chegar ao isolamento. Já para os profissionais da saúde ou qualquer pessoa que tenha contato próximo, indica-se a máscara N95”.
Weissmann orienta a evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas e lavar frequentemente as mãos, principalmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes das refeições. “Se não tiver água e sabão, use álcool gel 70%”.