Poda de árvores em Santos leva em conta uma série de critérios; saiba os mais importantes

Recente retirada de árvores no Canal 7 causou polêmica, mas serviço requer estudo e análise de locais

Por: Júnior Batista  -  06/09/20  -  21:57
  Foto: Sílvio Luiz/AT

A relação dos santistas com as árvores tem altos e baixos. Tanto que basta ocorrer uma poda ou a retirada de algumas delas, como recentemente no Canal 7, para a polêmica surgir, seja por parte quem deseja impedir o trabalho ou aqueles que gostariam de vê-las arrancadas de vez. Porém, segundo a Prefetura, vários critérios são levados em conta e alguns deles passam por reavaliação. Tudo para preservar o papel delas enquanto agente ecológico e garantir a influência positiva na qualidade de vida.


De acordo com Ernesto Tabuchi, que é engenheiro agrônomo da Prefeitura, os serviços levam em conta o tamanho da árvore, risco de queda, iluminação pública e todas as interferências urbanas, entre elétrica, telecomunicações, esgoto, água e tamanho de calçada, incluindo a questão da acessibilidade.


“Por muito tempo, a poda sempre teve que garantir a iluminação. Mas isso causou crescimento exacerbado de árvores e estamos reavaliando isso. Há, ainda, questões como depredação e apodrecimento natural. Se ocorrem esses problemas, fazemos uma poda maior. O que houve no Canal 7, por exemplo, e que causou estranheza às pessoas, é que três árvores foram retiradas, mas duas foram atingidas por caminhões, em acidentes. Aí, o jeito é arrancar”.


Importância
Tabuchi ressalta que a área mais relevante de Santos do ponto de vista ecológico está no alto. “Os morros formam um pacote contínuo, regulando temperatura, umidade, chuva, enfim, tudo. Agora, a importância da arborização nas ruas é fundamental, pois suaviza esse monte de concreto”.


Antes dos serviços de poda, coloca-se na balança o que é necessário para o Meio Ambiente e aquilo que representa beleza estética, mas traz poucos ganhos à natureza. O engenheiro lembra que, no fim dos anos 70, houve um intenso plantio na Cidade de árvores que não são nativas - em especial ingazeiras, chapéus-de-sol, saboneteiras e salgueiros mineiros.


“Elas possuem valor cênico, não ecológico. Não têm função dentro da natureza. Algumas são até prejudiciais, por trazer enfermidades de fora. No entanto, esse é um passivo ambiental que temos que cuidar”.


Tabuchi cita como exemplo desse exercício constante de ponderação o Canal 3, onde muitos moradores e turistas fazem questão de admirar e até fotografar as árvores espalhadas pela Av. Washington Luís. Porém, poucos sabem que boa parte delas possui problemas e a retirada seria o mais indicado. Só que, segundo o engenheiro, não é possível fazer isso de uma vez, até que os moradores não estranhem.


Interferências
Outra questão levada em conta é o desenvolvimento da sociedade e do Município. As fiações, por exemplo, se multiplicaram por conta da internet. “Eu tenho que manejar isso de uma forma que leve em conta as características urbanas, como fiação, risco de queda, tubulação. Na década de 1970, não havia fiação de internet. Já hoje, a sociedade depende disso”.


Ele cita casos em que uma árvore pode até ser retirada por avançar sobre essa fiação, uma medida polêmica, mas necessária. “A solução seria enterrar toda a fiação, mas isso vai demorar. Até acontecer, grande parte da população poderia ficar sem internet se não cortássemos nada”.


Educação ambiental
Por outro lado, o trabalho de arborizar áreas não tão bem atendidas, como é o caso da Zona Noroeste de Santos, requer não só plantio, mas também educação ambiental. De acordo com Tabuchi, o índice de depredação nesta região é mais alto, chegando a 40% de destruição de árvores plantadas.


Segundo o chefe do Departamento de Políticas e Controle Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, João Cirillo, é sempre bem-vindo que as pessoas queiram plantar e o caminho para isso é a Ouvidoria do Município. “Tem um pessoal que planta semanalmente. E aí nós identificamos o local e indicamos para que eles plantem. Não precisa de curso e o processo todo dura uma semana”.


Atualmente, há uma mapeamento, chamado de Corredores Verdes, que identifica os locais que necessitam de manchas verdes, que são árvores ou até mesmo gramados. Qualquer local impermeável entra para a conta. Nele, é possível ver onde plantar.


O trabalho vem sendo desenvolvido há cinco anos e às vezes causa estranheza da população porque demora para ser notado. “O que fazemos hoje só vai dar resultado daqui cinco ou seis anos”.


Há metas em jogo. No ano passado, o objetivo era plantar duas mil mudas pela Cidade, número que, segundo João, foi alcançado. Para este ano, a meta é de três mil. Mesmo com a pandemia, ele acredita que a meta será batida.


Saiba como pedir podas e serviços na região
Cubatão: podas e plantios são solicitados pelo 3361-2177, de segunda a sexta, das 8 às 14h
Guarujá: os dois serviços são recebidos pelo e-mail semam@guaruja.sp.gov.br ou telefone 3308-7885
Itanhaém: morador tem autonomia para podar, mas é orientado a contratar uma empresa para não deixar resíduos. No caso de árvores próximas a fios, deve-se ligar na Elektro (0800-7010102). Para cultivo, basta ir na Rua Dom Sebastião Leme, 195, de segunda a sexta, das 7 às 14h
Mongaguá: para podas fora de casa, deve-se ligar no 3445-3000. Se a árvore está no lote, laudo é liberado e morador faz serviço. Em calçadas, por R$ 50,00, uma empresa terceirizada vai ao local. Para plantar, a Diretoria de Meio Ambiente doa mudas de árvores
Praia Grande: pedidos de poda pelo telefone 162 ou site ouvidoria.praiagrande.sp.gov.br. Para plantio, há um guia no link cidadaopg.sp.gov.br/imprensa/arquivos/sema/cartilha_arborizacao_urb_2018.pdf
Santos: podas e plantios são solicitados pelo telefone 162, de segunda a sexta, das 8 às 18h, e pelo site www.santos.sp.gov.br/ouvidoria
São Vicente: remoções, poda e plantios são recebidos pelos telefones 3569-2213 e 3569-2292
Observação: Bertioga e Peruíbe não responderam


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