Pedido de tombamento do atual Mercado de Peixes é indeferido

Por sete votos a três, o conselho municipal do patrimônio arquiva proposta de proteção

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  04/10/19  -  23:03
A área do Mercado de Peixes, na Ponta da Praia, será integrada ao futuro centro de convenções
A área do Mercado de Peixes, na Ponta da Praia, será integrada ao futuro centro de convenções   Foto: Carlos Nogueira/ AT

Por sete votos a três, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) indeferiu o pedido de tombamento do Mercado de Peixes, na Ponta da Praia. A decisão, tomada em reunião ordinária na manhã desta quinta-feira (3), arquivou a proposta de eventual proteção do imóvel, projetado pelo arquiteto Antônio Carlos Quintas e inaugurado em 1982.


Com a recusa, os planos da Prefeitura de transformar a área em uma praça (com espelho d’água e uma fonte com efeitos sonoros e luminosos) ficam assegurados, conforme o projeto original. O espaço fará parte do Centro de Atividades Turísticas (CAT), que, de fato, será o novo centro de convenções da Cidade.


Pelo menos até março do ano que vem a venda de pescados permanece no tradicional ponto comercial. Após essa data, o atendimento ao público passa a acontecer em um novo espaço, ainda em obras, localizado a poucos metros do atual mercado. As mudanças fazem parte do programa de repaginação do bairro, batizado de Nova Ponta da Praia.


Histórico


A proposta rejeitada nesta quinta-feira (3) foi protocolada no dia 5 de setembro por um dos membros do Condepasa, o arquiteto Diego Costa Rozo Guimarães – sendo dele um dos votos favoráveis. A proposta foi comunicada aos membros do colegiado santista no dia 19 de setembro, quando houve a abertura da análise do pleito.


“Acho lastimável o Condepasa recusar a abertura do processo e virar as costas para o que a nossa cidade tem de referência arquitetônica e cultural que deveria ser mantida”, afirma a filha do autor do projeto do Mercado de Peixes, a também arquiteta Daniela Quintas.


“A maioria (do colegiado) parece não representar o desejo da população. Temos abaixo-assinado de quase 2 mil pessoas (contra a demolição do espaço)”, continua.


Daniela sustenta que o imóvel “está inserido na história do desenvolvimento da arquitetura paulista, em um contexto de produção de projetos e construção de edifícios modernos” em Santos nas décadas de 70 e 80.


Quando um pedido de tombamento dá entrada no conselho, segue para análise de um órgão técnico, que verifica a argumentação que o sustentou e checa os aspectos históricos, arquitetônicos do bem a ser tombado.


O pedido para o Mercado de Peixes ficou sob análise por duas semanas. Um dos argumentos dizia respeito ao telhado abobadado do mercado, sustentando que seria único na Cidade. A análise técnica derrubou esse argumento, apontando outros imóveis comerciais em Santos que também possuem esse tipo de telhado.


Em linhas gerais, o órgão técnico concluiu que inexiste uma importância histórica suficiente para justificar o tombamento.


Encerrado


Em nota, a Prefeitura de Santos se limitou a informar o resultado da reunião ordinária do Condepasa. “Com isso, o pedido de tombamento foi arquivado pelo órgão”. Pelas regras do colegiado, é vedado novo pedido de proteção desse imóvel.


Logo A Tribuna
Newsletter