Orquidário de Santos: Passeio noturno reserva um mundo novo a descobrir; vídeo

Grupos para visitação noturna têm sido de grande procura por moradores e turistas

Por: Ronaldo Abreu Vaio & Da Redação &  -  18/01/20  -  10:34

Quem conhece o Orquidário aí? Aposto que você levantou a mão. Mas calma: se você visitou o parque em algum dia entre 9h e 17h – período normal de funcionamento –, saiba que, quando o sol se põe, há um novo mundo a descobrir lá dentro. E essa descoberta estará ao alcance de todos no dia 28, quando haverá outro grupo para uma visitação noturna.


O tour começa no anfiteatro, na entrada. Lá, os participantes conhecem a história do parque e como ocorreu a proibição de se dar comida aos animais, em 1990. “O que as pessoas traziam?”, pergunta Cibele Coelho Augusto, chefe da unidade de Educação Ambiental. Respondem: “Pão”. “Pão o quê?”. Outro emenda: “Pão velho!”. “Isso! No dia seguinte, era cocô mole no parque inteiro”.


Posto isto, sob o comando de Isabella Cândido, estagiária de Biologia, entramos. A primeira parada é ao lado da fonte diante do portão principal, onde a escultura da ninfa Naiade se insinua. “Era para ela ficar na praça da Catedral [José Bonifácio]. Mas acharam que não era adequado. Sabem por quê?”, provoca Isabella. A resposta é evidente até na penumbra do parque: a ninfa está nua.


A vida, à noite


Durante o passeio, participantes conhecem a história do parque e curiosidades sobre os animais
Durante o passeio, participantes conhecem a história do parque e curiosidades sobre os animais   Foto: Matheus Tagé/AT

A primeira parada 'animal' é no viveiro de aves. Embora não tenham hábitos noturnos, do flamingo aos patos e galos azuis, todos estavam bem acordados – inclusive o jacu.


Apreciadora de grãos de café, a ave dava prejuízo a produtores. Até que um fazendeiro do Espírito Santo passou a produzir grãos excretados pelo jacu. Resultado: um dos cafés mais caros do mundo, que, lá fora, chega a custar US$ 1,1 mil o quilo (quase R$ 4,6 mil).


Solidão e monogamia


O grupo ruma ao espaço do cachorro-do-mato – o primeiro animal com hábitos exclusivamente noturnos. Bem ativo, corre de um lado a outro do recinto. “Ele passa por dentro do tronco?”, pergunta Antonella Serra de Matos, de 7 anos. Ela estava apreciando bastante o passeio. “Gosto de todos os bichinhos, mas o preferido é o flamingo”.


O tronco em questão é um pedaço oco de madeira. Se o cachorro-do-mato passa por dentro dele ou não é incerto. Sabe-se, porém, que o faria sozinho. “É um animal solitário. Até para reproduzir: após a cópula, cada um vai para o seu lado”, diz Isabella.


Mas o papagaio-de-cara-roxa não sabe o que é estar só. Aos românticos de plantão: quando essas aves encontram o par, é para a vida inteira. “Todo ano, fazem o ninho na mesma árvore”.


Ainda no campo do amor, no recinto ao lado, as araras e sua peculiaridade: é impossível, até para elas, diferenciar macho e fêmea pela aparência. Assim, “há relacionamentos entre macho e macho ou fêmea e fêmea, sem reprodução”.


De dia, de noite e de tarde


Outro animal noturno é a jiboia. Mexe-se de cá para lá e causa admiração e medo em muitas das quase 20 pessoas do grupo, entre adultos e crianças.


Após o abraço a um imenso angico de tronco largo, um 'olá' ao jacaré-de-papo-amarelo e uma saudação ao gato-do-mato, o passeio acaba. E então, é melhor conhecer o Orquidário de dia ou de noite? Vitor Vargas, de 6 anos, não tem dúvidas: “De dia, de noite e de tarde”.


Orquidário de Santos pode ser visitado à noite
Orquidário de Santos pode ser visitado à noite   Foto: Matheus Tagé/AT

Logo A Tribuna
Newsletter