Nascida para vender, comerciante de Santos faz sucesso com brechó no Centro

O boca a boca entre a clientela tem ajudado Nicole Silva Santos de Andrade a manter as vendas em dia e conquistar público

Por: Arminda Augusto  -  17/01/21  -  09:50
Nascida para vender, Nicole faz sucesso com brechó no Centro
Nascida para vender, Nicole faz sucesso com brechó no Centro   Foto: Vanessa Rodrigues

Você tem roupa de firma?, pergunta o serralheiro Marcio, um rapaz alto e forte, de Vicente de Carvalho, que para lidar com maçarico e outros equipamentos pesados precisa de macacão grosso, resistente.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Tenho, sim. E acho que vai te servir, diz Nicole, trazendo do fundo do corredor um macacão cor de cenoura, usado e em bom estado.


Bota dentro da sacola de supermercado.


Preço: R$ 10,00.


As manequins bem posicionadas de um lado e de outro da pequena porta de entrada não dão ideia de que o 212 da Rua Amador Bueno, no Centro de Santos, seja o que é: um brechó farto, com roupas de todos os estilos, preços generosos e atendimento gentil.


Como a maioria dos brechós, esse também não tem nome nem uma ordem muito formal para a disposição das roupas, mas Nicole Silva Santos de Andrade sabe onde encontrar cada peça: saias, calças, blusas, casacos, vestidos, camisetas, bermudas, roupa de festa, meias, biquinis, calçados, bolsas e acessórios.


O diferencial do brechó é a própria Nicole, uma santista de 34 anos que trabalhou em uma boutique de shopping por um bom tempo. Desempregada, grávida do Thalles e mãe do Nicolas, que estava com 7 anos, foi aconselhada a abrir um brechó no Centro de Santos.


“Abrir um brechó no Centro era algo que nunca imaginei na vida. Com roupas, sempre trabalhei em lojas para outro público”, diz a jovem, que além do Nicolas e do Thalles, agora tem também a Thayla, de um ano.


Movimento intenso


Nicole comanda o brechó há quase cinco anos, e de sua portinha observa o movimento: muitas lojas vizinhas fecharam, reduzindo o movimento na Amador Bueno. Mas lá dentro do 212 o entra e sai é intenso. “Aqui encontrei um público fiel, em um lugar ótimo”.


Como nas lojas de shopping em que trabalhou, ali a clientela também vai atrás de novidades. “Tenho clientes que vêm todo mês atrás de roupas de marca, querem saber o que chegou”. A diferença é que com R$ 30,00 ou R$ 40,00 levam roupa para a família toda. As peças variam de R$ 1,00 a R$ 20,00. E se chegar em um dia de promoção, leva um vestido fresco para o verão por R$ 2,50.


A clientela surge de toda parte: moradores do Centro, dos morros, de Vicente de Carvalho, Zona Noroeste, Piratininga e São Manoel, além de passantes que souberam do brechó pelo boca a boca.


Prédio vazio


Quem frequenta o brechó da Nicole já deve ter reparado: ali é a entrada de um prédio de escritórios. Vazio, o imóvel estava fechado, mas funcionou bem para abrigar as araras, caixas de papelão e prateleiras.


E de onde vem a mercadoria? “De muitos lugares”, responde Nicole. Entre eles, de pessoas que renovam o guarda-roupa e vendem ou dão as roupas velhas para ela, ou mesmo das garimpagens que ela faz. Fato é que no brechó da Nicole não falta mercadoria. Roupas de festa em bom estado, por exemplo, podem custar até R$ 20,00. “Ninguém vai fazer feio na festa da família”, brinca a comerciante, que diz ter nascido para vender.


E você pensa em sair do Centro um dia? “Não, não penso. O Centro me surpreendeu. Montar o brechó e vir para cá foi uma das melhores coisas que já fiz na vida”. A propósito: o brechó não tem e-commerce. Quem quiser comprar tem que ir pessoalmente mesmo.


Logo A Tribuna
Newsletter