Nem parecia quarentena nesta quinta-feira (9), no Mercado de Peixes de Santos. E haveria muito mais movimento não fossem as medidas de restrição e isolamento social, mas a quantidade de pessoas que compareceu ao local chamou atenção até mesmo dos vendedores.
“Realmente, eu não esperava esse movimento”, afirmou Alex Andrade Vieira, proprietário de uma tradicional barraca no local.
E são vários os motivos apontados para explicar essa aglomeração de pessoas: descrença na doença, necessidade, não querer fazer delivery.
A autônoma Marli Lopes, por exemplo, não tem medo da doença. Ela foi ao local sem usar máscara de proteção. “Acho que a doença ainda não chegou aqui. Está nas grandes capitais, aqui ainda não é motivo de tanta preocupação”, diz ela, que tem 40 anos e foi ao mercado com o pai, João Lopes, de 80, também sem máscara.
“A gente toma cuidado, mas é o mesmo de sempre, com higiene”, afirma ela, que foi em busca do peixe para o feriado de Páscoa.
A reunião familiar, neste fim de semana, não deixará de acontecer na casa dela, em Santos. “Alguns familiares disseram que não irão para proteger o meu pai. Mas não sei... Acredito que a doença vá ficar pior no inverno, por enquanto não está perigoso”, diz.
Ao contrário dela, os aposentados Ana Lúcia Casagrande, de 66 anos, e Hercílio Oliveira, de 69, estavam com máscaras e álcool em gel. E afirmam que só foram até lá por necessidade. “Nós não comemos carne, estamos saindo somente uma vez por semana para fazer compras. Mas o mercado estava muito cheio, compramos pouca coisa e viemos para cá, achando que estaria vazio”, afirma a aposentada.
Hercílio reforçou os cuidados. “Vamos sair daqui o mais rápido possível. As pessoas estão brincando com essa doença. Não é possível uma coisa dessas, tem muita gente morrendo”, conta ele.
Os dois são um exemplo do que as autoridades pedem. Ficam em casa, só saem na necessidade e ainda mudaram hábitos. “Fazíamos muitos exercícios, agora está sendo feito tudo em casa. Até começamos a prática de tai chi chuan, para controlar a ansiedade de ficarmos trancados”, diz Ana Lúcia.
No Embaré, a feira da Avenida Pedro Lessa também estava lotada. Ainda assim, havia pessoas usando máscaras. Os feirantes respeitaram os espaços entre uma barraca e outra e alguns deles montaram até fila para compras, evitando aglomerações.