Moradores de Santos questionam pedras instaladas debaixo de viadutos da cidade; VÍDEO
No início da semana, a gestão do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, foi criticada por conta da instalação de pedras debaixo de viadutos. Moradores de Santos têm opiniões distintas sobre a semelhança da situação
Uma decisão tomada pela Prefeitura de Santos dividiu opiniões na cidade. A administração municipal colocou pedras na parte inferior de viadutos. No início da semana, a gestão do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sofreu duras críticas da população por conta da instalação de blocos de paralelepípedo em áreas com concentração de pessoas em situação de rua. Em Santos, a situação não é muito diferente, uma vez que é possível encontrar pedras semelhantes sob o viaduto da entrada da cidade. A prefeitura nega que a ação seja para 'espantar' essas pessoas e alega que a decisão foi tomada quando o viaduto foi entregue.
A equipe de A Tribuna foi até o local, registrou a situação e conversou com moradores e trabalhadores da área. Confira na videorreportagem acima.
O viaduto da entrada da cidade, que carrega o nome do ex-prefeito Paulo Gomes Barbosa, apresenta pedras afiadas em sua área inferior, que são circuladas por flores e espinhos. No momento do registro, foi possível notar um “morador de rua” deitado logo adiante, na área verde do espaço.
Muitos internautas procuraram A Tribuna e questionaram se a atitude da prefeitura teria relação com o fato de moradores de rua usarem o local para dormir. A marceneira Lilian Cristine, que é moradora da cidade há mais de quatro décadas e trabalha perto do local há 12 anos, elogiou a construção do viaduto, mas tem suas ressalvas. “Fico triste em relação a uma situação que, para mim, é caótica. Essas pedras abaixo do viaduto, que impedem a permanência dos que estão jogados na rua. Eu imagino em um dia de chuva, essas pessoas sem teto, sem terem para onde ir e a gente cancela isso com pedras. Fico pensando no amanhã. Hoje, tenho um teto, amanhã, não sei, posso precisar estar debaixo desse viaduto e ele não poder me acolher”, desabafou.
Por sua vez, há quem acredite que, independentemente da intenção da prefeitura, a inibição da presença dos indivíduos pode significar mais segurança para os transeuntes. “Estou de acordo com o serviço. Quando passo por aqui de bicicleta e tem um ‘vândalo’ na parte debaixo do viaduto, não o vejo. Alguns atacam, outros, não, mas quem perde sou eu. Isso aqui foi bem feito”, disse o controlador de acessos Luiz Carlos.
Por meio de nota oficial emitida pela prefeitura, é deixado explicito que as pedras não foram colocadas com a intenção de afastar as pessoas, mas sim para prevenir acidentes no local.
Segundo a administração municipal, o novo viaduto em curva, na Entrada de Santos, foi inaugurado em 14 de agosto de 2020, e a instalação das pedras em um trecho sob o elevado foi concluída em outubro do mesmo ano.
Sobre as citações a cerca de abrigos para a população de rua, a prefeitura ressalta que o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, o Centro POP, que antes funcionava de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, atende também aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h, na Rua Amador Bueno, 446, Centro. A prefeitura ainda destaca que abriu dois abrigos emergenciais, devido à ampliação do atendimento à população de rua na pandemia de covid-19. Somadas a de outros quatro abrigos, o total de vagas chega a 279.
Confira, na íntegra, a declaração oficial:
“A Prefeitura de Santos informa que nunca houve registro da presença de população de rua e/ou de qualquer tipo de ocupação sob o novo viaduto da Entrada de Santos. Trata-se de uma área de risco de acidentes. As pedras foram instaladas sob o viaduto para evitar a permanência e trânsito de pedestres, sejam eles pessoas em situação de rua, transeuntes, turistas etc. A Administração ressalta que essa medida visa a segurança da população e da estrutura do elevado.
A instalação das pedras também tem como objetivo evitar infrações de trânsito no local como parada proibida e estacionamento irregular de veículos, entre outros tipos de ocorrências que podem comprometer a integridade do viaduto, como eventuais incêndios e acidentes de trânsito. A Prefeitura destaca, ainda, que o Município mantém serviços de abordagem social e acolhimento para atender as demandas da população de rua.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), responsável pela equipe de abordagem social à população de rua, mantém as imediações do local apontado em seu roteiro de monitoramento cotidiano. A pasta esclarece que as abordagens são realizadas nos logradouros públicos da Cidade, e desenvolvem um trabalho de aproximação, escuta qualificada e formação de vínculos de confiança, com o objetivo de fortalecer e encorajar na direção do acesso aos demais serviços.
A equipe de abordagem pode ser acionada a qualquer momento através do telefone 153, que tem atendimento diário (24h). O atendimento será ofertado àqueles que de forma voluntária desejarem acesso aos serviços municipais. Informações como nome, idade, descrição física e local exato onde a pessoa se encontra são muito importantes na hora de ligar.”
