A aposentada Valéria Eugênia de Alvarenga Simão, de 55 anos, vive um drama diário e pede socorro. Apesar de ter em mãos uma decisão judicial que garante dois medicamentos para o filho com paralisia cerebral, na prática a coisa é bem diferente.
Ela vai do Parque Bitaru, em São Vicente, até o AME Santos, no bairro Aparecida, e ainda sai de mãos abanando. Se não bastasse isso, ainda gasta R$ 1.070 por mês com essa medicação que não é entregue só para evitar as convulsões de Dario Monteiro Simões Neto, de 25 anos.
Ele não pode ficar sem as doses diárias de Trileptal e Vimpat. “Para que meu filho não fique com tantas crises convulsivas, a gente paga a medicação do próprio bolso. Mas tem sido muito caro”, desabafa a mãe.
O Trileptalele, que a família não encontra no AME desde maio de 2019, custa mais de R$ 270 por mês. A caixa sai por 90 e dura apenas 10 dias. “Ele toma três comprimidos por dia, ou seja, são três caixas no mês”, desabafa a mãe.
Já o Vimpat, que não é visto desde setembro, sai mais de R$ 800 ao mês. Cada caixa, que dura sete dias, sai por R$ 160. “Ele toma quatro comprimidos desse por dia e são cinco caixas no mês”.
Valéria conta que procurou um advogado e pagou R$ 1,5 mil para garantir esse benefício. Depois de um ano e meio, finalmente saiu a resposta positiva da decisão judicial. Mas, a expectativa de ver o filho com a medicação garantida pelo estado foi pura frustração.
“Eu preciso dessa ajuda porque o Dario toma ainda outros cinco remédios que eu já pago do próprio bolso. Às vezes, acontece um mês ou dois meses sem ter a medicação, mas não tem nem retroativo”, diz a mãe.
Contato
Valéria tem tentado ligar no AME diariamente, sem suceso. “O atendimento é só de manhã, mas ninguém atende. É uma canseira. Minha mãe de 80 anos vai até lá para termos algum retorno, pois ela não paga transporte. Mas é sempre uma viagem em vão”.
ATribuna.com.br procurou a Secretaria Estadual de Saúde para saber porque a determinação judicial não está sendo cumprida e quando a situação será normalizada. O Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista informou apenas que os medicamentos para o paciente Dario estão em fase de aquisição e será cobrada agilidade na entrega aos fornecedores, sem dizer quando o jovem finalmente receberá os remédios.
Apesar da situação contada pela família, o DRS diz que cumpre todas as determinações judiciais, e inicia o processo de compra tão logo recebe a notificação.