Jovem santista vira mecânica de bicicletas e busca transformação social: 'Ir até as pessoas'

Giovanna Zanchetta fundou uma loja pouco antes da pandemia e busca trazer serviços personalizados para driblar a crise e satisfazer os clientes

Por: Carolina Faccioli  -  12/04/21  -  14:56
Giovanna Zanchetta fundou a Giro Bikes pouco antes da pandemia e busca trazer serviço personalizado
Giovanna Zanchetta fundou a Giro Bikes pouco antes da pandemia e busca trazer serviço personalizado   Foto: Arquivo Pessoal/Giovanna Zanchetta

Magrela, bike ou camelo, seja qual for o apelido dado a bicicleta o item faz parte da vida de milhares de brasileiros, desde o lazer até como meio de transporte do dia a dia. Para os santistas, particularmente, o apego ao meio de transporte parece ser ainda maior, já que é possível usá-la para chegar a qualquer lugar facilmente. Ao ver a importância da bicicleta e utilizá-la como meio de transporte, a moradora de Santos Giovanna Zanchetta, de 27 anos, decidiu empreender no ramo. Tornou-se mecânica de bicicletas e viu como poderia criar um negócio que solucionasse um problema latente na vida de muitas pessoas.


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A história da jovem com Santos começou em 2015, quando se matriculou no curso de serviço social em uma universidade pública do município. Desde então, Giovanna conta que tem usado a bicicleta para se locomover e conhecer a cidade, mas até desenvolver o apego pelo item, ela percorreu um caminho bem diferente.


Giovanna é nascida na cidade de Casa Branca, no interior de São Paulo, e saiu de lá pois ganhou uma bolsa atleta internacional para jogar futebol, mas com saudades do país decidiu voltar para o Brasil.


Logo em seguida, prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e surgiu a vontade de cursar serviço social em Santos. Ela se formou em 2018, mas conta que a área estava escassa e ainda não tinha certeza se queria atuar na profissão. "Comecei a pensar em cursos técnicos, e aí foi quando eu me deparei com essa vontade imensa de aprender sobre a mecânica das bikes", diz.


A jovem então descobriu que só existia um curso desse tipo no estado, localizado na capital de São Paulo. Após concluir o curso, em 2019, começou a trabalhar de forma autônoma para as pessoas mais próximas e com o tempo foi desenvolvendo o trabalho da forma que ela achava que daria mais certo. "Eu queria ir até as pessoas porque, pra mim, nunca fez sentido eu ter que levar a bike quebrada até o lugar".


Até o início de 2020, Giovanna foi levando o trabalho com as bicicletas como negócio secundário, até que percebeu que não conseguia encontrar um emprego fixo e decidiu virar microempreendedora individual, fundando a GiroBikes. Para impulsionar o negócio, ela também decidiu investir no Instagram para gerar conteúdos de valor para quem quisesse aprender mais sobre o meio de transporte.


Pelas redes sociais, a empresa estimula que os ciclistas aprendam questões essenciais e básicas sobre o funcionamento do item, as leis de trânsito entre outras questões.


Já em relação ao atendimento, Giovanna diz que o contato é mínimo, pois busca entender sobre o problema com o ciclista primeiro pelo telefone, pede fotos, marca um horário e leva os equipamentos e peças para o conserto que podem ser feitos na própria garagem do cliente ou na oficina, se necessário.


Autonomia feminina


Desde o início da pandemia, a jovem tem se dedicado exclusivamente a empresa e já conta com uma equipe pequena. Um dos propósitos do serviços, ainda segundo a jovem, é que o trabalho impacte a vida das mulheres, principalmente, em relação a autonomia e liberdade.


"A gente levanta uma pauta que é valorizar as ciclistas urbanas. Valorizar a estrutura e autonomia dessas pessoas. Levantamos questões pequenas e mais abrangentes sobre a questão das bikes. Eu acho que a bicicleta é uma aliada que nunca vai te atrair porque produz uma energia muita limpa e consegue economizar um dinheiro muito significativo, ainda mais vendo o preço da gasolina e do próprio carro", afirma a empreendedora.


Giovanna realiza os reparos na garagem dos clientes, quando é possível.
Giovanna realiza os reparos na garagem dos clientes, quando é possível.   Foto: Giovanna Zanchetta/Arquivo Pessoal


Pandemia


Apesar da pandemia ter sido um momento muito difícil para diversos setores, o conserto de bicicletas parece ter sido um ponto fora da curva, já que muitas pessoas optaram por usar a bicicleta como meio de transporte durante a pandemia.


Apesar da certa vantagem, Giovanna revela que a maior dificuldade encontrada por ela é achar as peças disponíveis para os reparos durante a pandemia e para os munícipes é encontrar uma bicicleta por um preço justo.


Agora, ela busca continuar investindo no negócio, que se tornou muito mais do que apenas uma prestação de serviço, e buscar novos projetos. "Pra mim, existe uma coisa que trago comigo desde criança, que é a transformação social. Sempre me dediquei para entender como transformar e impactar a vida das pessoas. Estou feliz por saber que consegui unir as duas coisas, com esse objetivo final de impactar e transformar a vida das pessoas", finaliza.


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