Infectologista orienta busca por unidades de saúde só em caso de problema respiratório

De acordo com Marcos Caseiro, demais sintomas podem ser cuidados em casa, sem exposição e disseminação da Covid-19

Por: Matheus Müller  -  22/04/20  -  22:39
Caseiro diz que pacientes liberados recebem as devidas orientações para os cuidados em casa
Caseiro diz que pacientes liberados recebem as devidas orientações para os cuidados em casa

O médico infectologista Marcos Caseiro orienta a procura pelas unidades de saúde só em casos de problemas respiratórios. Segundo ele, as pessoas que apresentarem outros sintomas que possam indicar o coronavírus devem ficar em casa, tratando e acompanhando a evolução do quadro. Ele explica que, dessa forma, evita-se uma possível contaminação, caso o paciente não esteja infectado, assim como uma eventual disseminação do vírus.


Nas unidades de saúde de Santos, a prefeitura diz seguir um protocolo de atendimento. Aqueles que apresentam febre e síndromes respiratórias são considerados casos suspeitos e levados aos Centros de Triagem dos pacientes de Covid-19, onde são avaliados por médicos. Neste ponto é que será verificada a necessidade de exames complementares e de internação.


Apesar da suspeita, portanto, o paciente pode ser liberado. De acordo com Caseiro, responsável pelo protocolo de Santos, a primeira ação deve ser checar se o indivíduo apresenta problemas respiratórios e usar um oxímetro de pulso (aparelho colocado no dedo) para avaliar a saturação de oxigênio no sangue.


"Se tiver acima de 94%, está tudo bem. Não tem o que fazer. Vai para casa. Em casos de tosse e catarro, dê a medicação. Não fará a imunidade cair. É para evitar infecção secundária".


A prefeitura explica que o paciente internado fará a coleta de amostras para testagem. O resultado fica pronto em até 48 horas. “O diagnóstico se tornou mais ágil após a contratação de laboratório particular pelo município”, diz em nota.


Angústia


As informações de Caseiro são uma resposta ao que, segundo ele, trata-se de um "sentimento de angústia" da população, que deseja uma resolução imediata dos casos. O médico fez os apontamentos após conhecer o caso da autônoma Sônia Regina Faria Galvão, de 51 anos.


Há três dias ela apresenta os seguintes sintomas: febre, dor no corpo, dor de cabeça e falta de paladar. Logo no primeiro dia, na segunda-feira (20), se dirigiu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, região onde mora.


De acordo com a irmã, Sandra Regina Faria Rodrigues, enfermeira aposentada, de 57 anos, no local indicaram uma medicação de Azitromicina (antibiótico e anti-inflamatório) e, na sequência, ela seria liberada. "Ela [Sônia] me ligou e eu disse para não tomar, porque baixaria a imunidade [o infectologista diz que não é verdade]. Também não fizeram tomografia, só um raio-X".


A Organização Social (OS) Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), responsável pela UPA da ZN, informa que a paciente passou por triagem e avaliação clínica, "apresentando 100% de saturação, sem alterações em doenças pré-existentes e dos parâmetros vitais. O raio-X não demonstrou alterações significativas".


Com base no protocolo, o mesmo seguido por todos os médicos, Caseiro destaca que o procedimento foi correto. Apesar disso, Sandra conta ter ligado para a UPA Central de Santos para saber como seria o procedimento adotado caso Sônia fosse para a unidade. "Disseram que cada médico adota um protocolo, o mesmo que falaram na UPA da ZN".


A enfermeira se queixa da falta de informação à população e, na sequência, ligou para o disque-saúde (136) e foi orientada a chamar o Samu que, segundo ela não deu suporte. Por fim, Sandra foi levada de carro pelo filho para a Beneficência Portuguesa. Lá passou por tomografia.


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