Hospital Guilherme Álvaro fica sem UTI Pediátrica por 3 meses

Falta de profissionais motivou interrupção do serviço; atendimento infantil foi redistribuído

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  08/01/20  -  23:48
UTI Pediátrica do HGA contava com sete leitos para receber pacientes
UTI Pediátrica do HGA contava com sete leitos para receber pacientes   Foto: Maria Adriana soares/Arquivo pessoal

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, deve ficar fechada pelos próximos três meses. O atendimento no setor foi interrompido esta semana por falta de equipe médica e, agora, outras unidades da região absorvem o serviço.


Segundo a diretora técnica do HGA, Monica Mazzurana, o hospital teve perda de recursos humanos – por conta de licença-saúde, pedidos de demissão, entre outros – o que deixou 30% da escala médica “descoberta”.


“A partir daí, entendemos que não era seguro permanecer com o atendimento. Na sexta-feira, informamos o Departamento Regional de Saúde e a Cross [Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde]”.


Assim, os sete leitos da unidade deixam de receber pacientes. Agora, conforme Monica, crianças da região que ficam próximas ao Litoral Sul serão recebidas no Hospital de Registro, caso precisem de UTI. Já as pacientes que moram entre Praia Grande e Bertioga irão a hospitais que dispõem do serviço nessas cidades.


A diretora não soube responder quantas vagas de UTI Pediátrica existem nestes municípios e, até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Estado da Saúde também não.


O objetivo agora é realizar um chamamento público em busca de organizações sociais ou entidades sem fins lucrativos dispostas a fornecer mão de obra ao HGA, o que, de acordo com a diretora, é a maneira mais rápida de resolver a situação.


“Com isso, vamos basear a escolha na questão da qualidade e do menor preço. Estamos na etapa de precificação e a ideia é que em três meses a gente consiga reabrir a UTI. É um fechamento temporário”.


Esvaziamento


Na quinta-feira passada (2), a UTI Pediátrica do HGA tinha dois pacientes. Um deles, que se recuperava de um pós-operatório, teve alta e foi para casa. O outro, o pequeno Arthur, de 2 anos, foi transferido para a enfermaria da ala pediátrica do HGA.


“Meu filho tem vários probleminhas. Precisa de acompanhamento para traqueostomia, tem hidrocefalia e desde que nasceu, em outubro de 2017, nunca foi para casa. Só fica no hospital”, explica a mãe Maria Adriana dos Santos Soares.


Há tempos que ela luta pelo atendimento domiciliar ao filho, sem sucesso. Agora, com Arthur fora da UTI, ela sente medo. “Não sei como vai ser”.


Segundo Maria Adriana, que há anos vive o dia a dia da UTI Pediátrica do HGA, os leitos do local são concorridos e recebem pacientes de todos os lugares.


“Durante esses anos, sempre vi os leitos lotados. Até estranhei porque, em dezembro, começou a ficar mais vazio. Mas dá até um aperto porque é um serviço muito importante. Vi mães chegando desesperadas, chorando, e depois saindo felizes com seus filhos nos braços. O estado não pode deixar isso fechado”.


Resposta


Sobre o caso do filho de Maria Adriana, a diretora técnica do HGA explica que o garoto tem condições de ficar internado fora da UTI. “Nossa equipe é técnica e ética. Fez a avaliação do paciente, até porque, se ele não tivesse condições, iríamos esperar”.


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