Grupo de comerciantes promove 'buzinaço' em Santos contra fechamento de estabelecimentos

Categoria pediu reunião com prefeito Paulo Alexandre Barbosa para levar reivindicações a respeito do fechamento de lojas durante período de isolamento social contra o coronavírus

Por: Júnior Batista  -  27/03/20  -  23:44
Atualizado em 27/03/20 - 23:47
Grupo de comerciantes promove 'buzinaço' em Santos contra fechamento de estabelecimentos
Grupo de comerciantes promove 'buzinaço' em Santos contra fechamento de estabelecimentos   Foto: Matheus Tagé/AT

Um grupo de comerciantes promoveu, na tarde desta sexta-feira (27), um buzinaço em frente à Prefeitura de Santos e na orla contra o fechamento de estabelecimentos na Cidade. Cerca de 100 carros contornaram a Praça Mauá, no Centro, e depois seguiram pelo Canal 1 até a avenida da praia, onde continuaram a manifestação. Na Pompeia, algumas pessoas bateram panelas em sinal de apoio.


Os empresários dizem que não podem manter os comércios fechados e defendem a reabertura das lojas a partir da próxima segunda-feira, com restrições a idosos e controle de acesso dos consumidores. O protesto foi organizado pelos comerciantes Sandro Rafael e Thales Sugahara. “Queremos uma reunião de urgência com o prefeito [Paulo Alexandre Barbosa] e o secretário de Finanças de Santos [Maurício Franco] para levar nossas reinvidicações”, diz Rafael.


Entre as propostas, estão a reabertura dos comércios com precauções de segurança - como luvas, álcool em gel e máscaras -, horários diferenciados e o isolamento vertical, “onde apenas o grupo de risco, formado por idosos, pessoas com comorbidades preexistentes e indivíduos infectados ou com sintomas causados pelo novo coronavírus, ficam fora das atividades de suas comunidades”, afirma o empresário.


Empresários e comerciantes fizeram manifestação em frente à Prefeitura de Santos
Empresários e comerciantes fizeram manifestação em frente à Prefeitura de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

O grupo também pede isenção de tributos municipais como IPTU, ISS e taxa de licença, por um período que pode ir de dois a seis meses. “Isso é uma loucura. Eu tenho 38 funcionários, trabalho com mensalistas. Se eles param, eu não recebo”, justifica o empresário Lino Carrion, de 63 anos, que é dono de um camping-pousada.


Para Marisa Nardozza, de 50 anos, dona de uma clínica de estética, não se pode parar tudo dessa forma. “A gente cuida dos idosos, mas o restante continua”.


Proprietária de três comércios varejistas no Centro de Santos, Patrícia Rodrigues, de 45 anos, está há 15 anos no mercado e diz empregar 55 funcionários, mas acredita que essa situação pode colocar tudo a perder. “Fazemos controle de pessoas, com máscaras, luvas, mas parar não dá. Não adianta comparar com outros países. Na Itália, morreu tudo isso de gente porque há muitos idosos lá. O Reino Unido é pequeno, onde o governo pode dar dinheiro. Aqui, temos outra realidade”.


Grupo defende quarentena


Um outro grupo de comerciantes de Santos, no entanto, é a favor da quarentena e defende que os comércios continuem fechados. Um deles, que possui um restaurante e tem 40 anos, preferiu não se identificar e disse que é preciso ouvir a comunidade médica e seguir as recomendações que o mundo inteiro adota.


“É nosso dever cívico. Ao menos pelos próximos 15 a 20 dias, para vermos como a curva do vírus se comporta, é melhor manter fechado. Eu particularmente sou contra o isolamente vertical. É muito complexo isso. tenho funcionários e clientes acima dos 60 anos. Como vou ter colaborador e cliente pela metade?”.


Fila de carros se concentrou em volta da Praça Mauá nesta tarde
Fila de carros se concentrou em volta da Praça Mauá nesta tarde   Foto: Matheus Tagé/AT

O empresário Alexandre Tadeu de Souza, de 40 anos, possui dois bares, um em Santos e outro em Praia Grande, que juntos empregam 42 pessoas, e também se diz contrário à reabertura neste momento. “Temos que olhar para o outro lado. Quanto menos pessoas se infectarem num curto espaço de tempo, melhor. Se infectar muita gente agora, não vai ter hospital a todos”.


Dono de uma tapeçaria em Santos, Ronaldo Aguiar Elias, de 61 anos, cita a cidade de Milão, na Itália, como um exemplo a não ser seguido. Lá, o prefeito Giuseppe Sala defendeu a abertura do comércio no fim de fevereiro e, esta semana, teve que ir à TV pedir desculpas após centenas de mortes pelo coronavírus.


“Quando a situação normalizar, pensamos em medidas que incentivem a economia, como zerar impostos de algumas indústrias, promoção da exportação e dos produtos nacionais, por exemplo. Por enquanto, concordo em gênero, número e grau com as autoridades médicas”.


A Prefeitura de Santos destaca, em nota, que segue medidas de isolamento social em respeito a orientações de equipe técnica e baseada em protocolos do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e literatura existente sobre o tema. Alega que o trabalho busca salvar vidas, evitando erros cometidos por outras localidades. Cita Milão, onde há, até o momento, 5.402 mortes por Covid-19. “A prefeitura também vem atuando pelas empresas e empregos na Cidade, mantendo articulação com diversos segmentos para criar um pacote de incentivos aos comerciantes. Na segunda-feira, haverá reunião com os sindicatos para abordar este tema”.


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