Uma outra polêmica envolvendo o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), foi revelada no final de semana. Em 2015, ao fazer uma ligação à Polícia Militar, ele chamou de “analfabeta” a agente que o atendeu. Em 18 de julho, ele fez o mesmo com um guarda municipal de Santos que o multou por andar sem máscara pela orla e ainda tentou dar uma carteirada, em caso que ganhou repercussão nacional.
A ocorrência de cinco anos atrás foi revelada pela Record TV. Na ligação, o desembargador tentava pedir ajuda para encontrar o filho, que havia saído de casa horas antes e não dava notícias. Assim que a policial pediu para ele ir a uma delegacia registrar queixa, Siqueira se alterou. “Não, eu não vou. Eu estou dando uma ordem para a senhora, não estou pedindo”.
A policial disse ao magistrado que ele poderia ser “um pouquinho mais educado”. Não adiantou. “Eu não sou educado porque a senhora não é educada. Não estou pedindo, senhorita. Estou mandando. É uma requisição de um desembargador que tem patente igual a de um general do Exército. A senhora sabe o que é um general”, tentou convencer, sem sucesso, chegando a citar o TJ-SP para pressioná-la.
Em seguida, ele pede para falar com alguns coronéis da corporação. “Com sargento, cabo ou soldado raso eu não falo, deu para entender?” Atendido por outro PM, ele não economiza nas críticas à policial. "A moça que me atendeu é completamente analfabeta. Quero que ela saia da PM, por desrespeito à autoridade”.
Vergonha
À Record TV, Siqueira falou que, atualmente, toma remédios para tratar problemas de ansiedade e no coração. Ao ouvir as ameaças que fez cinco anos antes à policial militar que o atendeu, disse sentir “vergonha”. Explicou que, em 2015, vivia problemas pessoais, como separação e dificuldades com o filho caçula. “Eu surtei”.
O desembargador garante que, logo depois, mais calmo, contatou conhecidos na PM para pedir desculpas à policial que o atendeu pelo telefone. “Levamos um presente a ele e pedi desculpas de novo”.
Já sobre o episódio na orla, o desembargador Eduardo Siqueira reconheceu que deveria ter usado a máscara. “Não custava nada. Eu estava nervoso, tomando três medicamentos um pouco fortes e isso contribuiu”. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve analisar o caso no dia 25. “Peço desculpas. Eu fiz um papelão”.