Gonzaga completa 130 anos e resgata tradições culturais

Bairro comercial mais famoso de Santos conserva charme do passado

Por: Nathália de Alcantara & Da Redação &  -  21/06/19  -  20:38
Bairros que têm aumento da população flutuante devido à temporada de verão são priorizados
Bairros que têm aumento da população flutuante devido à temporada de verão são priorizados   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

O lendário Dudu do Gonzaga, um transexual pioneiro, está de volta ao bairro que já foi o grande centro da vida cultural de Santos. Junto com ele, as livrarias de rua e as tradicionais lojas de discos de vinil. O último resquício do que foi a Cinelândia e points quase centenários também resistem às mudanças no Gonzaga, bairro que completa 130 anos nesta sexta-feira (21).


O gerente da Cais - Cerveja Artesanal, Eugênio Martins Júnior, mantém vivos a irreverência e o lado picante de Dudu do Gonzaga, ícone do bairro na década de 70. A witbier que leva o nome do homenageado existe desde 2015, mas foi envasada pela primeiravezem2018.


Além dos ingredientes comuns na escola belga de cerveja, como semente de coentro e raspas de laranja, foram acrescentados pimenta dedo de moça e noz moscada para remeter às características do Dudu.


“Sou santista e produtor cultural. Precisava homenagear esse personagem underground. Quando eu passava pelo bairro, sempre o via com amigos. Todos o conheciam e gostavam dele. Estava sempre de short apertado e colorido. Era muito inteligente e levava sua bandeira não de forma combativa, mas festiva”, conta Eugênio.


Há dois anos, colecionadores e admiradores de discos de vinil também encontraram um novo local para resgatar memórias, lembranças e história na Besouro Discos. Dentro da Galeria Queiroz Ferreira, desde os jovens curiosos até as senhoras saudosas se interessam pelas centenas de vinis dos mais variados artistas em uma loja que parece ter saído da década de 80.


Uma camiseta de banda e até um disco de vinil na mão são o pontapé para uma longa conversa, regada a cerveja ou café, para falar sobre música. “Uma vez por mês, fazemos uma feira cultural, com expositores que abraçam a loja e ficam no meio dos corredores. Escolhi o Gonzaga para isso porque todos ainda passam por aqui”, conta o proprietário, Sérgio Dias.


Sérgio Dias mantém vivas as rodas de conversas sobre cultura
Sérgio Dias mantém vivas as rodas de conversas sobre cultura   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Desde 1928 no bairro, a Kopenhagen não tem mais a fila quilométrica de décadas atrás, mas ainda tem seus clientes fiéis. Mesma coisa do Cine Roxy, único cinema de rua em Santos, e da Realejo Livros, que apesar dos 18 anos, segue firme como ponto cultural.


Gastronomia


A Cinelândia ainda vive no cardápio do restaurante Ao Chopp do Gonzaga, que está há 57 anos no bairro. Quando o cliente pergunta o significado do nome, vem a explicação da referência a um período importante do bairro. O carro chefe contém filé mignon, frango e linguiça.


O estabelecimento, aliás, está em processo de adaptação às mudanças de comportamento do brasileiro. Segundo o sócio-proprietário Thiago Rodrigues, segunda-feira o local começará a servir pratos individuais a partir de R$ 24,90. “Hoje, quem vem durante a semana procura um prato rápido e com preço acessível. É difícil para as casas antigas se adaptarem, pois temos raiz, mas é preciso ficar ligado ao que acontece ao redor”.


Thiago conta que Ao Chopp do Gonzaga tem Cinelândia no cardápio
Thiago conta que Ao Chopp do Gonzaga tem Cinelândia no cardápio   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

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