Golpistas usam nome de escola técnica para oferecer trabalho em pet shop

Criminosos dizem oferecer trabalho em loja de animais; como requisito, exigem taxa de inscrição e qualificação em colégio de Santos

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  13/04/19  -  01:33

Aproveitando-se da fragilidade de desempregados, golpistas retiram o dinheiro e a esperança de vítimas com a oferta de trabalho em um pet shop. A situação ocorre há pelo menos dois meses e envolve, indevidamente, o nome da escola de cursos técnicos Treinasse, de Santos. A instituição nega manter qualquer curso com a certificação exigida para preencher a vaga.


Os criminosos exigem um curso a distância que nem sequer é oferecido pela escola. Para concluir a falsa inscrição, pede-se o depósito de R$ 125.


“Lamentamos muito essa situação, mesmo que não usassem nosso nome. Incomoda esse tipo de golpe no momento em que o país se encontra, com esse número de desemprego. É desumano demais”, solidariza-se o diretor da Treinasse, Jorge do Vale Junior.


O diretor da escola informa que há pelo menos dois meses começou a receber ligações, e-mails e mensagens na página da escola no Facebook. “As pessoas queriam saber sobre o curso de atendente e outros, para os quais já haviam feito depósito e esperavam certificado”.


O golpe


Vale mostrou à Reportagem os e-mails entre uma das vítimas e os criminosos. No documento, a suposta funcionária do setor de Recursos Humanos (RH) do pet shop demonstra interesse no currículo apresentado. Indica salário e benefícios, mas ressalta a necessidade do certificado de atendente, auxiliar ou recepcionista de pet shop.


O golpe prossegue com a indicação da escola que ofereceria o treinamento a distância para quem ainda não tivesse o conhecimento e o documento solicitados. Nesse momento, é transmitido um e-mail falso, de provedor gratuito, com o nome da Treinasse.


Os criminosos escrevem, no e-mail, que as vítimas podem procurar outras instituições de ensino, mas, ao mesmo tempo, limitam o tempo para uma resposta e apressam os interessados dizendo que têm pouco tempo para a contratação.


A situação faz com que a sugestão seja acatada, e o valor do curso, depositado.


“Algumas pessoas tiveram a preocupação de investigar antes, outras não. Eles [golpistas] pedem urgência [no curso], e existe um anseio das pessoas de arranjar o emprego. Portanto, fazem o depósito para depois checar”, diz Junior.


O diretor explica quem ao se pesquisar a palavra Treinasse na internet, a escola é a primeira referência a aparecer e, por isso, acredita que os criminosos a tenham escolhido.


“Das [vítimas] que depositaram, muitas não entendem que o curso não é nosso. Elas acabam ameaçando: falam que vão entrar com processo e que vão nos difamar”, relata.


Histórico


Jorge do Vale Junior conta que, no ano passado, já tinha sido vítima de situação semelhante. Porém, em vez de curso para pet shop, os golpistas indicavam a escola para um curso de vistoriador de contêiner. Na ocasião, ele registrou Boletim de Ocorrência (BO), mas os responsáveis pelo crime não foram identificados.


Desta vez, o diretor ainda não procurou a polícia e disse ter optado por inserir um aviso sobre o golpe nas redes sociais da Treinasse.


A Tribuna entrou em contato com a suposta funcionária do RH da loja, mas não obteve reposta.


Logo A Tribuna
Newsletter