Filhotes de cachorra viram tema de disputa entre moradores de rua e vereador em Santos

Defensor da causa animal, Benedito Furtado (PSB) luta para levar os sete recém-nascidos para serem acolhidos na Codevida; proprietários recusam ideia

Por: Bruno Gutierrez & De A Tribuna On-line &  -  18/07/19  -  20:57
Filhotes de cachorra viram tema de disputa entre moradores de rua e vereador em Santos
Filhotes de cachorra viram tema de disputa entre moradores de rua e vereador em Santos   Foto: Reprodução/Facebook

Sete filhotes de uma cachorra estão no centro de uma disputa entre o vereador de Santos Benedito Furtado (PSB) e um casal de moradores de rua que habita as vias do bairro Gonzaga. O parlamentar, conhecido defensor da causa animal, quer que os recém-nascidos sejam encaminhados para a Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida) da prefeitura. Já os proprietários dos bichos recusam a proposta.


Segundo o parlamentar, ele teve conhecimento do caso após ser alertado por usuários de uma rede social. O casal fica junto a um grupo de moradores de rua, nas imediações da Rua Marcílio Dias.


Primeiro, Furtado entrou em contato com o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, o chefe de Departamento, Eder Santana de Oliveira, e com a coordenadora da Codevida, Leila Abreu, e pediu providências para que os animais fossem abrigados na Codevida.


“A coordenadora da Codevida informou à minha assessora que esteve no local, na madrugada de sábado [13], juntamente com a Guarda Municipal, para recolher os filhotes, mas que as pessoas em situação de rua que estão com eles não permitiram. Informou, mais, que os filhotes estavam dentro de uma caixa de papelão nova e aquecidos. A mamãe também estava bem e alimentada. Havia ração e água disponíveis”, disse Furtado.


Após a primeira negativa por parte da administração municipal, o vereador contatou o secretário municipal de Segurança, Sérgio del Bel, e solicitou a possibilidade de autorizar a Guarda Municipal a fazer o resgate dos animais e levá-los à Codevida.


"Na terça-feira [16] à noite, fui informado pelo secretário de Segurança que o chefe da Guarda havia entrado em contato com a coordenadora da Codevida, e que ela lhe dissera que os animais não estavam em condições de maus-tratos, mas, se a Guarda conseguisse resgatá-los, a Codevida os receberia. Posteriormente, fui informado pelo secretário de Segurança de que não havendo a constatação de maus-tratos, eles não poderiam intervir", comentou o parlamentar.


Na sequência, Furtado se dirigiu ao 7º Distrito Policial de Santos (Gonzaga). Ele tentou explicar à delegada que os moradores em situação de rua não possuem condições para criar os recém-nascidos. "O conceito de maus-tratos é extenso. Como alguém sem condições de subsistência irá cuidar uma cachorra e sete filhotes recém-nascidos?", questionou o pessebista.


Ele foi orientado, então, a tentar convencer os proprietários dos animais a doá-los, para que fossem entregues à Codevida para serem assistidos. No local, ele se encontrou com o casal que cuida da cachorra e dos filhotes. Segundo o vereador, os dois aparentam ter menos de 30 anos.


"Quando cheguei lá, fiquei constrangido, porque a menina estava fumando um cigarro de maconha. Nada contra, mas pedimos que ela apagasse o cigarro para conversar. Insistimos muito na questão, mas eles apresentaram resistência. O rapaz explicou que a cachorra estava com ele desde pequena, que eles são muito apegados, e que todos ali gostam dela. Mas, não vamos retirar a cachorra. Vamos tratar e devolve-la. Depois de muito insistir, eles ficaram de conversar entre eles e me ligar. Até agora, não houve esse retorno", explicou Furtado.


Levar para o abrigo


A preocupação do vereador santista é que, sem os cuidados necessários e com o clima do inverno, os filhotes não resistam e venham a falecer. "Os cachorrinhos estão numa caixa de papelão com um pano. Está fazendo muito frio nesses dias. Eles tinham que estar protegidos, senão, podem acabar morrendo", disse o parlamentar.


O pessebista disse que o governo municipal "lavou as mãos" em relação ao caso. Mas que, se fosse ele o secretário responsável, assumiria a responsabilidade. A nova possibilidade levantada por Furtado é encaminhar o casal para um abrigo onde aceitem animais.


"Vou falar hoje [quinta-feira, 18] com o secretário de Desenvolvimento Social, o Cacá [Carlos Alberto Ferreira Mota], para ver a possibilidade de oferecer uma vaga para o casal dono da cachorra em um abrigo que permita a presença de animais. Tem um abrigo de inverno com três canis", comentou o vereador.


"Minha ideia é tratar a mãe e os filhotes na Codevida, fazer a castração de todos. A cachorra ficaria com eles. Os filhotes iriam para adoção. A própria prefeitura auxilia nesta situação", emendou Furtado, que ainda comentou que o casal se utiliza dos animais para "auferir outros benefícios", como o recolhimento de esmolas e doações.


Benedito Furtado teme que os recém-nascidos possam morrer devido ao frio do inverno
Benedito Furtado teme que os recém-nascidos possam morrer devido ao frio do inverno   Foto: Divulgação/Benedito Furtado

Ligação afetiva


Benedito Furtado disse entender que exista a ligação afetiva entre o morador em situação de rua e o cão. "Com o trabalho que realizamos na ONG [Defesa pela vida animal], eu vejo o quanto existem moradores de rua dedicados, que chegam a andar até seis quilômetros para levar o seu cãozinho ao médico", exemplificou o vereador.


Ele também se posicionou de forma contrária à ideia de recolher cães saudáveis que pertençam a moradores de rua.


"Sou contra colocar um cachorro, que viveu sua vida inteira livre, numa baia de três por dois [metros], para ele passar o resto dos seus dias ali. É um crime. O cachorrinho fica depressivo, fica maluco ali dentro. Se eu vejo um cachorro saudável com um morador de rua, eu respeito. Ninguém foi feito para ficar encarcerado", finalizou o parlamentar.


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