Evento discute empoderamento feminino e empreendedorismo em Santos

Há três anos desempregada, a dona de casa Maiara Aparecida dos Santos de Souza, de 27, diz nunca ter parado de entregar currículos, mas vê suas chances no mercado de trabalho cada vez mais reduzidas.

“Está muito difícil se recolocar, ainda mais quando se é mãe e mulher”, avalia ela, que mora na Vila Gilda, na Zona Noroeste de Santos, e sonha ter um pequeno negócio próprio sem deixar de acompanhar o crescimento do filho de dez anos.

A social media Jaqueline Ivanoff, de 26 anos e mãe de três crianças, moradora de Mongaguá, sabe dos desafios de tentar conciliar maternidade e profissão.

“É uma batalha para a mulher com filhos estar atuando no mercado. Ou ela foca nos estudos ou na família. Para o trabalho, são poucas as opções que se enquadram neste perfil”, diz.

Com um bebê de 6 meses, o serviço que ela faz lhe permite trabalhar de casa, mas ela considera que ainda faltam políticas públicas para que outras mulheres trilhem esse caminho.

Maiara e Jaqueline estiveram, no sábado (18), no Instituto Arte no Dique, no Rádio Clube, em Santos, em um evento que discutiu empoderamento feminino, o empreendedorismo e o papel da mulher e mãe. Foi promovido pela deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), por meio do projeto Gabinete Itinerante, no qual a parlamentar discute assuntos e leva demandas da população para seu gabinete. Foi de Jaqueline a sugestão do tema do evento.

“Achamos que empreendedorismo é coisa de elite, mas as pessoas que conheci primeiro que viviam disso era da minha comunidade [Vila Missionária, na Zona Sul de São Paulo]. Nossas favelas e periferias estão cheias de mulheres empreendedoras, mas que não conhecem essa palavra chicosa”, diz Tabata, que tem como um dos pilares da sua atuação direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres.

Mães

Segundo a deputada, na Baixada Santista, 25 mil mulheres têm micro empresa individual (MEI). Ela estima que mais da metade seja mãe.

A jornalista Flavia Saad foi a convidada da região para compartilhar sua experiência de mãe empreendedora com o grupo.

“O mercado de trabalho não costuma ser legal com as mães. Desde que eu fui mãe, comecei a ajudar muitas mulheres, pois, quando a gente empreende e é mãe, se sente muito sozinha”, lembra.

Flavia conta que é sempre procurada quando o assunto é empreendedorismo. “E isso é uma coisa tão nova que as pessoas nem sabem por onde começar a trilhar esse caminho”, comenta.