Educação de alunos com deficiência é alvo de reclamações em Santos

Número insuficiente de mediadores nas salas de aula prejudica a inclusão nas escolas municipais da cidade

Por: Maurício Martins  -  13/03/20  -  09:52
Samanta relatou ao MP a falta de mediadores para os filhos autistas na escola
Samanta relatou ao MP a falta de mediadores para os filhos autistas na escola   Foto: Matheus Tagé/AT

O trabalho de inclusão de alunos com deficiência nas escolas municipais de Santos não funciona como deveria. Não há mediadores em número suficiente para acompanhar esses estudantes nas escolas regulares. Os profissionais são fundamentais porque ajudam a transmitir o conteúdo passado pelo professor de forma adaptada, de acordo com a necessidade do aluno. Além do auxílio em outras atividades, como Educação Física.


A comerciante Samanta Serrão Cruz, de 38 anos, tem dois filhos autistas na Unidade Municipal de Educação (UME) Lourdes Ortiz, no bairro Aparecida. Por causa da falta de mediadores para os adolescentes, de 11 e 13 anos, ela e o pai - avô dos meninos – precisam ficar na escola auxiliando o aprendizado.


“O professor tem uma quantidade grande de alunos em sala de aula, ele não pode parar o conteúdo por conta da inclusão. Eu deixei de trabalhar para ficar na escola. Meu pai tem 62 anos, problema de audição, e ficou na escola. Estamos fazendo isso desde o início do ano letivo, em 10 de fevereiro”, diz ela.


Samanta afirma que, antes do início das aulas, cobrou a Secretaria de Educação (Seduc) de Santos sobre a necessidade de mediadores. Sem efeito, ela fez outras queixas nos últimos dias, o que também não resolveu. A comerciante, então, procurou o Ministério Público Estadual (MPE) e aguarda providências. Ela tem laudo médico que aponta a necessidade de mediadores para os filhos.


A assistente de exportação Karina da Silva Ferraz, de 26 anos, tem um filho de 6 anos na UME Colégio Santista, na Vila Nova. Passa pela mesma situação. “Ele estuda nessa escola desde o ano passado, sem mediador. Já cobrei várias vezes e nada. Fica complicado, pois atrasa o aprendizado. E ele ainda não fala, então é difícil entender o que ele quer”, explica a mãe.


Vereadora recebeu queixas 


A vereadora Audrey Kleys (PP) afirma que recebeu reclamações sobre a falta de mediadores em diversas UMEs da cidade. Ela fez um requerimento ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) cobrando explicações. Um exemplo citado pela vereadora é a UME dos Andradas I, na Aparecida.


“A Seduc realizou mudanças importantes nos últimos dois anos para melhor atender os estudantes com deficiência, mas precisamos avançar e tornar esse atendimento [de mediadores] política pública, com a criação de carreira por meio de concurso público”, diz a vereadora.


Para ela, os pais precisam ter a segurança de que os filhos serão atendidos desde o primeiro dia de aula, quando assim determinar o laudo médico. “A criação de uma comissão de pais para somar com ideias já foi solicitada e esperamos que o pedido seja atendido”.


Prefeitura responde 


A Seduc diz que, no início do ano letivo, foram encaminhados mediadores para todas as unidades municipais que atendem alunos com deficiência. Afirma que é feita avaliação de cada caso e nem todos possuem a necessidade de um mediador individual. A pasta informa que a quantidade de mediadores pode ser flexibilizada em qualquer tempo, de acordo com a necessidade.


Sobre as unidades citadas, a secretaria diz a Lourdes Ortiz possui três mediadores de manhã e quatro à tarde. Já na Andradas I, sete no período da manhã e seis no período da tarde. No Colégio Santista, seis mediadores de manhã e quatro à tarde.


“A Seduc fará visitas nas escolas para avaliar os casos citados e, se houver a necessidade, serão providenciados mediadores”. A pasta destaca, também, que na próxima segunda-feira (16) está marcada atribuição de mediadores de inclusão escolar. “Até o momento, a rede municipal tem 1.074 alunos com deficiência matriculados, atendidos por 462 mediadores”.


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