Santos já consegue reciclar 18% de todo o lixo que é coletado na cidade. O número é comemorado pela prefeitura porque, historicamente, esse índice nunca passou de 3%. Por outro lado, a Comares, principal cooperativa de catadores, não registrou aumento de trabalho e renda.
Em 2018, o município reciclou 12.110 toneladas de resíduos secos. A quantidade é 165% maior que no ano anterior, quando a prefeitura lançou o programa Recicla Santos e conseguiu que 4.562 toneladas fossem reaproveitadas.
Se a comparação for feita com 2016, o crescimento é de 221%, já que naquele ano a cidade reciclou 3.765 toneladas de lixo limpo.
A prefeitura comemora o avanço porque, desde que a coleta de lixo limpo foi implantada, em 1991, pela então prefeita Telma de Souza (PT), o índice nunca passou de 3%.
O percentual estava na média do restante do país, já que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos garante que 30% de todo o lixo produzido no Brasil tem potencial para ser reaproveitado, mas isso acontece com apenas 3% dos resíduos.
Pouca diferença
A Cooperativa de Materiais Recicláveis Santista (Comares) é vinculada à Semam e recebe o que é coletado na cidade. O material é separado por cerca de 100 funcionários que trabalham em um espaço na Alemoa. Cada um deles recebe um salário mínimo (R$ 998).
A presidente da entidade, no entanto, reclama que o sucesso da coleta seletiva não se traduziu em renda para a Comares.
“O material melhor e mais caro, os grandes empresários estão pegando. O que está indo pra gente é coisa que não dá para aproveitar”, diz Odete Cunha. “O secretário sabe e disse que vai melhorar”, completa.
Segundo Odete, o papelão, que chegava em grande quantidade para os cooperados, agora quase não aparece mais. “A população ainda mistura muita coisa e manda material que não serve”.
O município tem outras duas cooperativas de reciclagem, as ONGs Sem Fronteiras e Reciclar é Viver.