Coronavírus afeta mais os jovens: faixa de 20 a 49 anos concentra metade dos casos em Santos

Evolução da pandemia na cidade acompanha tendência nacional de maior infecção na faixa etária de menor letalidade da doença; idosos santistas concentram mais de 80% dos óbitos

Por: Eduardo Brandão  -  05/05/20  -  18:12
Acesso à faixa de areia em praias da cidade não são permitidos
Acesso à faixa de areia em praias da cidade não são permitidos   Foto: Matheus Tagé/AT

A contaminação pelo novo coronavírus em Santos está concentrada na faixa etária que vai de 20 a 49 anos. Um em cada dois laudos com resultado positivo para a doença está enquadrado nesse grupo, conforme dados extraídos do mapeamento com a taxa de infecção da epidemia na cidade.  


A evolução dos casos santistas segue tendência no país, que também concentra pouco mais de 45% dos casos entre as pessoas dessas idades. As projeções nacionais são do portal Covid-19 Brasil, a partir de estimativas dos dados subnotificados e análises de informações oficiais do Ministério da Saúde e do Portal da Transparência do Registro Civil. Já os dados santistas constam no  SantosMapeada.


Em março, a pneumologista da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, alertou que o país “rejuvenesceria” a doença, como resultado da combinação da pirâmide etária brasileira com o baixo grau de distanciamento social. Na ocasião, a pesquisadora destacou que esse grupo etário não era acometido apenas com casos leves ou assintomáticos. 


O médico epidemiologista Evaldo Stanislau destaca que a maior taxa de contágio entre os mais novos reforça as regras de quarentena na região. “Por isso o isolamento inclui os jovens, já que é elevada a probabilidade dos mais novos encontrarem em casa com um idoso”, diz. Segundo projeções da Fundação Seade, 44% da população de Santos está na faixa entre 20 e 49 anos. 


Mortes


Outra singularidade entre a evolução brasileira e a santista recai no número de óbitos: mais 80% dos mortos nos dois recortes têm acima de 60 anos. “Uma vez infectado, o idoso acaba tendo esse desfecho (óbito ou mais tempo de internação)”,continua Stanislau. 


Contudo, os dados nacionais já sinalizam um significativo percentual de jovens sendo internados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) por problemas respiratórios. 


Outro sinal de alerta é o percentual de mortes observado no país para pessoas com menos de 50 anos. Os dados brasileiros tem sido maior do que o verificado em outros países, como Itália, Espanha e Estados Unidos. No Brasil, 7% dos mortos tinham entre 40 e 50 anos; e 3,9% entre 20 e 39 anos.  


Em Santos, 6,8% dos óbitos são de pessoas com idade entre 40 e 49 anos; 10,2%, entre 50 e 59 anos, e 1,7%, de 30 a 39 anos. O médico infectologista Marcos Caseiro destaca que os mais jovens contam com uma defesa imunológica maior. Isso explicaria o baixo percentual de óbitos nessa faixa etária. O especialista afirma ainda que ser jovem não significa ser imune à pandemia, mesmo em casos de pacientes que não apresentam os sintomas da Covid-19. 


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