Conta de luz cai 95% com painéis solares em prédio de Santos

Edifício histórico, Rubiácea vai recuperar o gasto em três anos

Por: Júnior Batista  -  26/11/20  -  23:37
Noslen Lopes Botelho, síndico do Rubinácea, no Centro de Santos desde 2007
Noslen Lopes Botelho, síndico do Rubinácea, no Centro de Santos desde 2007   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Construído em 1952, o edifício Rubiácea (Praça dos Andradas, 12), prédio tradicional que fica no Centro de Santos, economizou 95% na conta de luz após se render à tecnologia e investir em painéis solares. A conta despencou de R$ 4.500 para apenas R$ 200 em outubro e novembro, após a instalação, no fim de agosto. O custo foi de R$ 184 mil.


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São 150 placas de 1,5m x 1m cada, distribuídas no telhado de cada uma das cinco torres. A energia é captada pelas placas, desce por tubos pelas laterais até uma central, com os relógios, que fica no térreo. O consumo é acompanhado por um aplicativo para celular, que mostra a retenção de energia obtida pelos painéis.


A instalação aconteceu em 15 dias. Metade das placas em cada uma das cinco torres: uma parte nas três com entrada pela Rua do Comércio e a outra nas duas de entrada na Praça dos Andradas. 


Noslen Lopes Botelho, síndico do prédio desde 2007 e responsável pela implantação do sistema de energia solar, afirma que já tinha essa vontade há bastante tempo, mas o processo era muito mais caro do que custou agora. 


Ele explica que a contratação foi relativamente simples. Passa pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que precisa instalar um novo relógio e a empresa, nesse caso, de Ourinhos (SP), que faz todo o processo de instalação e documentação. 
Com dinheiro em caixa, o financiamento foi aliviado: 24 meses, com parcelas em torno de R$ 8 mil. Em pouco mais de três anos, o investimento é recuperado. No entanto, o equipamento dura muito mais: 25 anos de garantia, fora a manutenção acordada entre a empresa e o edifício inclusa no plano.


“Esse processo foi junto com outras modernizações e reformas que fizemos, como cabeamento de internet, adequações do sistema de alarme de incêndio, portas que foram trocadas a pedido dos bombeiros. Era uma vontade antiga ter algo moderno e sustentável dentro de um edifício com tanta história”, conta ele.


Eduardo Carvalhaes, dono de um escritório de corretores de café no prédio, ocupando o 9º andar da torre principal há décadas, aprova a ideia. “Acho que o futuro é sustentável. Quando as empresas descobrirem essa economia, irão entender”.


Carvalhaes defende que o modelo que foi aplicado no Rubiácea pode ser inspirador para outros edifícios em Santos. 


Para Botelho, as empresas que atuam na entrega das placas têm projetos específicos para cada local.


“No nosso caso, foi pensado um modelo para o nosso consumo, que é de R$ 4.500, além de nossa área de exposição. Existem locais que podem não ter essa área para receber as luzes solares. Mas podem precisar de uma quantidade menor de placas. Tudo depende, mas os orçamentos são muito práticos, basta uma busca na internet”, conta.


Expansão


A Associação Comercial de Santos (ACS) também receberá painéis de energia solar, no ano que vem. O projeto para instalação das placas foi aprovado pela diretoria, mas o processo deve ser um pouco mais lento, pois são necessárias algumas obras no entorno do telhado para que a empresa de energia consiga instalar as peças. 


Custo baixo aumenta busca de consumo doméstico


Estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) aponta que na próxima década as energias renováveis, lideradas pela solar, devem crescer 80%. 


Na casa da santista Valéria Ribeiro, de 60 anos, é uma realidade desde o fim de 2013. Sua casa, que possui quatro ar-condicionados, além de quatro banheiros e três quartos, no auge do verão gasta R$ 370 de conta de luz. “Se eu usar todos os ares ligados ao mesmo tempo”, garante ela.


Foram instalados cinco placas de 1,30 x 1m cada, junto com a construção da residência, viradas para o sol nascente. O custo foi de cerca de R$ 4 mil, incluindo o boiler solar, um equipamento que funciona como reservatório térmico de água quente. Ele tem, ainda, uma resistência elétrica para aquecer a água durante longos períodos nublados. “Acho que foi a melhor coisa que fiz. É uma economia absurda. Posso tomar banhos à vontade, que só gasto água. É um projeto que vale muito a pena a longo prazo”, afirma ela, que pensa em instalar mais placas para deixar a água da piscina da casa aquecida. 


“Vale muito a pena”


O arquiteto Douglas Carvalho, de 45 anos, instalou 32 placas solares no escritório que possui em Santos. Seu consumo médio era de R$ 1 mil ao mês. Neste primeiro ano, conta que chegou a zerar a conta porque tinha reserva de energia. “Se os equipamentos entregarem a garantia que dizem, é uma economia absurda”, diz.


Segundo ele, a vantagem ainda vai para outras residências, caso estejam registradas no mesmo CPF do titular. “Você pode usar essa sobra para abater na conta de outras residências que estejam vinculadas ao seu CPF. Vamos observando ao longo do tempo, mas neste início está sendo fantástico”.


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