Quatro prêmios, incluindo um de melhor ator. Alguns filmes gravados, sendo um deles como protagonista, e uma participação na 15ª temporada de Malhação, em 2007. Esse foi o início da trajetória do ator santista Maxwell Nascimento, que começou há 18 anos, quando ele ainda era um adolescente de 15, que perambulava pelos arredores do Mercado Municipal.
Hoje, Maxwell tem 34 anos e trabalha como motorista em uma empresa de locação de artigos para eventos. Mas ele almeja voltar para as telas, quem sabe em um reality show. “Vou poder mostrar às pessoas quem eu sou de verdade”, crê.
Divisor
Maxwell conta que a arte lhe proporcionou reconhecimento e felicidade. Porém, ao tomar decisões que hoje considera errôneas, a vida tomou outros rumos. Nessa matemática complexa, o resultado foram os ensinamentos.
Ele, inclusive, relembra um período em que ficou sem esperança sequer para viver. Isso o deixou inseguro, desacreditando do próprio potencial como ator. “Eu sabia que muitas coisas não tinham dado certo para mim por minha culpa”.
Em 2016, a mãe, que considerava o seu pilar, morreu. O luto fez com que ele seguisse por caminhos que acabaram por machucar toda a família. “Bebia muito e me envolvi em coisas erradas. Eu ficava dentro de casa. Quando me chamavam para sair, eu não ia. Eu desacreditei e parei no tempo”.
Mudança
Maxwell não contava que uma viagem de carro para o Ceará mudaria sua vida. Durante essa viagem, a esperança renasceu ao ouvir a voz do Espírito Santo, segundo crê. “Eu sei que muitas pessoas não acreditam, mas ele (Espírito Santo), me disse muitas coisas boas. Que eu iria voltar (a atuar), mas que tudo iria acontecer no momento certo, e que eu não precisava ficar ansioso”.
Maxwell retornou a Santos com um desejo maior do que nunca de atuar. “Eu voltei de lá disposto a viver. A acreditar mais em mim e em quem está do meu lado. Eu cansei de viver em um mundo que acabou comigo e com a minha família”.
O ator ainda enfatiza que continua orando pela sua carreira. “Minha mãe se foi na esperança disso acontecer. Meus amigos acreditam em mim”.
Atuação
Maxwell argumenta que, se não fosse bom ator, se não tivesse talento, jamais teria ganhado prêmios. O fato acende mais ainda a chama da esperança em seu coração. Mas ele sabe que a sorte não pode ser testada: se tiver uma segunda chance, não irá desperdiçá-la e a usará também para ajudar outras pessoas.
Assistir a seus trabalhos nos canais de streamings é outra centelha que ajuda a acender a esperança em um retorno às telas. “Meu filme está lá depois de tantos anos, batendo grandes filmes. Por quê não acreditar?”.
Na pandemia, o ator começou a trabalhar como motorista de aplicativo e ajudou a família, que tem carrinhos de pastéis em Santos, na Avenida Frei Gaspar com a João Pessoa, e outro na esquina das ruas Luiza Macuco com Silva Jardim. Até chegar ao atual emprego.
A situação atual faz com que muitos debochem de sua história. Chamam-no de ‘ex-ator’. “Eu não sou um ex. Eu sou um ator e continuo atuando. Não recentemente, mas continuo com esse propósito. É difícil, porque você acaba não acreditando em você. É complicado, mas a gente se esforça para não aceitar isso para a vida”.
Maxwell agradece a todos que têm apoiado a decisão de tentar voltar às telas. Os amigos, os colegas de trabalho, o chefe e os fãs. Ele também olha com gratidão para o menino de 15 anos que foi chamado para atuar e tudo o que viveu até hoje. “A vida me mudou. Eu aprendi muito”.