Com apenas 8% de visão, santista vence complicações do diabetes e deseja lançar livro
A psicopedagoga Jenifer Pavani superou muitas dificuldades, entre elas redução da função pulmonar, cegueira total da vista esquerda e parcial da direita
Aos 9 anos Jenifer Pavani Ribeiro descobriu que tinha diabetes. Até então ela não imaginava todas as complicações que a doença poderia desencadear. Com o tempo, a jovem adquiriu insuficiência renal, redução da função pulmonar, cegueira total da vista esquerda e parcial da direita - conta com apenas 8% de visão. Os desafios foram tantos que Jenifer se propôs a vencer mais um: publicar um livro sobre sua história, para que pudesse ajudar pessoas que passaram pela mesma situação.
A psicopedagoga conta que começou a escrever como uma forma de desabafo e hoje percebe que compartilhar a própria história é uma forma de estimular outras pessoas a fazer o mesmo “Compartilhar minha experiência de vida e minhas lutas, para incentivar a tantos que também enfrentam grandes desafios, incitar a conscientização e estimular a inclusão. Minha vida se resume em amar e disseminar o amor, e contribuir de alguma maneira para evitar que outras pessoas passem por este caminho. Esse é meu dever”, diz.
Jenifer conta que a perda da visão começou aos 24 anos, quando percebeu que não conseguia enxergar direito um prédio que ficava na mesma rua de casa. O problema foi causado por foto sensibilidade, que é um dos sintomas da retinopatia proliferativa, doença causada por complicações da diabetes. Como o médico disse à ela que estava com micro hemorragias nos olhos, foi preciso fazer um tratamento com laser na vista, que não deu certo. Jenifer teve um descolamento da retina e em seguida fez uma vitrectomia. Porém, ela acabou tendo uma cicatrização hipertrófica e ficou com apenas oito por cento da vista direita.
A insuficiência renal apareceu junto com o problema da vista. Quando Jenifer descobriu o problema, a função hepática já estava em 65%. O tratamento feito de forma correta tem impedido que a doença evolua rapidamente, mas o problema continua progredindo e Jenifer tenta achar um doador compatível, já que atualmente está com 35% da função hepática.
Desde que adquiriu a deficiência visual, precisou se adaptar a uma realidade diferente da que imaginava. Ao invés de se aposentar por invalidez, optou por prestar um concurso público e com isso trabalhou por 11 anos na Secretaria de Esportes de Santos, onde conheceu o esporte adaptado e entrou na equipe de atletismo do município. Atualmente, ela integra a equipe Cisco Araña, como funcionária e aluna da Escola Radical de Surfe Adaptado de Santos.
Para que o livro seja publicado, Jenifer iniciou uma vaquinha virtual para ajudar no valor, que costuma ser alto. Ela explica que dentre os custos está o registro da obra na Biblioteca Nacional, impressão dos livros e as pessoas que estão ajudando com a parte de edição e design. Ainda segundo a autora, quem contribuir com 50 reais ganhará o livro automaticamente.
"Iniciei uma campanha na internet na tentativa de arrecadar verba e publicar minha experiência. Eu redigi um livro para tentar prevenir as pessoas com Diabetes de adquirir as complicaçôes que eu adquiri por falta de controle e monitoramento e para mostrar que caso sejam surpreendidos por adversidades, existe a possibilidade de seguir em frente, superar os próprios limites e promover a inclusão, com respeito, igualdade e oportunidades", conta.
