Ciência busca alternativas sustentáveis para combater produtos de plástico

Desafios são grandes, mas a evolução também

Por: Da Redação  -  03/06/19  -  21:32
  Foto: Pixabay

Cogumelos, boldo, guaraná, cúrcuma, babaçu e urucum. Casca de tomate, uva ou camarão. Não se trata de lista de compras, tão pouco de receita de prato exótico. Na verdade, nessa lista, entra até mesmo uma bactéria recém-descoberta aqui em Santos, mais precisamente no Canal do Estuário que dá acesso ao porto. Do que estamos falando? Plástico!


Isso mesmo, esse mocinho e ao mesmo tempo vilão do nosso cotidiano, onipresente, esteja você onde estiver. Para produzir o que a humanidade consome (por vezes, sem necessidade), a ciência vem buscando as chamadas alternativas sustentáveis. Os desafios são grandes, mas a evolução também.


Com a casca da uva e o amido da mandioca, por exemplo, cientistas brasileiros criaram uma embalagem que pode indicar se uma proteína (carne ou peixe, por exemplo) já está fora dos padrões de consumo, dispensando até mesmo o prazo de validade presente hoje nos invólucros.


Em outro segmento de estudos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que embalagens feitas a partir de extratos de guaraná e boldo possuem atividades antimicrobianas, seja contra doenças simples, como infecção na pele (espinhas, furúnculos), ou mais graves, como pneumonia e até mesmo meningite.


Mamona


Mas, a revolução do plástico vai muito além das embalagens. Na Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, um trabalho feito a partir da mamona conseguiu produzir garrafas plásticas, cordas, pneus e até mesmo tecidos.


No Japão (afinal, a mamona é asiática), a empresa Denso já fabrica radiadores para automóveis com resina vegetal derivada do óleo de mamona.


E, por falar na indústria automotiva, já há biotecnologia para produzir diversas partes de um veículo. Para-choques, por exemplo, podem ser feitos com plástico oriundo de fibras do curauá, uma planta amazônica parente do abacaxi. Outras, como a malva e a juta, também já estão sendo utilizadas na fabricação de telhas, caixas d'água, tubos e outros produtos presentes no nosso cotidiano.


Sem efeito colateral


Mas se extrair fibras dessas plantas pode, com o tempo, prejudicar a produção de alimentos, o uso do chamado resíduo da agroindústria não gera esse efeito colateral.


Uma das maiores potências agrícolas do mundo, o Brasil tem abundância de talos, cascas, palhas e outros resíduos pouco aproveitados.


Com resíduos agroindustriais de cúrcuma, babaçu e urucum, por exemplo, pesquisadores brasileiros produziram um biofilme capaz de competir com o plástico filme oriundo do petróleo, largamente utilizado em supermercados e residências.


Além da fonte renovável, o plástico oriundo de resíduos da agricultura é compostável, ou seja, ao final da vida útil se transforma unicamente em água, gás carbônico e húmus.


Você sabe o que é biodegradável?


A lei que proibiu os canudinhos em Santos é bem específica: se for de plástico, está proibido. Porém, vendedores ignorantes ou inescrupulosos oferecem o canudinho de plástico biodegradável como sendo alternativa aceita pela lei. Não é. Biodegradar significa que plástico se quebra em pedaços minúsculos de forma mais rápida que o convencional.


O resíduo não desaparece, você só não o vê. E pior: essas partículas ainda servem como superfície à qual uma série de outras substâncias tóxicas acabam aderindo, sendo então consumidos pela vida marinha e depois por nós.


Quem compra, seja comerciante ou consumidor, provavelmente desconhece essa realidade, que vai muito além do risco da multa.


Mudança


A Prefeitura de Santos decidiu banir das licitações públicas todos os chamados plásticos de uso único, tais como pratinhos, copos e talheres. Decreto nesse sentido será assinado quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa, na reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema). “São itens até certo ponto desnecessários, insustentáveis”, diz o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório. Para ele, esse tipo de mudança também é comportamental: “Precisamos repensar os hábitos”.


Agende-se


Confira a programação da Semana do Meio Ambiente.


>> Terça-feira (4)


Aquário


14h: Palestra Pesca Fantasma


Orquidário


9h: Oficina Cuidadores de Árvores


15h: Contação de Histórias


Jardim Botânico Chico Mendes


14h: Trilha Cega - atividade sensitiva em grupo que estimula autoconfiança para crianças a partir de 7 anos. Os integrantes serão guiados por trilha com diferentes sons, árvores e texturas com os olhos vendados


15h30: Minhoca, nossa amiga - crianças a partir de 5 anos. Aprendizado de como as minhocas se alimentam, se reproduzem e qual seu papel na natureza. Demonstração de composteiras e experiência tátil com minhocas


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