Botijão de gás vendido a R$ 32 provoca fila em porta de sindicato

Mais de 200 pessoas tentam comprar o produto pela metade do preço; ação faz parte de protestos de petroleiros em greve

Por: Tatiane Calixto  -  13/02/20  -  18:34
Houve fila na porta do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, em Santos, para compra de gás
Houve fila na porta do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, em Santos, para compra de gás   Foto: Matheus Tagé/AT

Centenas de pessoas se aglomeraram em frente à sede do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), em Santos, em busca de um botijão de gás mais barato nesta quinta-feira (13). Em uma ação que faz parte da greve da categoria, os petroleiros estão vendendo o gás de cozinha por R$ 32. Isso é praticamente a metade do preço normal do botijão na Baixada Santista, que varia entre R$ 65 e R$ 80. No começo da tarde, a fila já reunia mais de 200 pessoas.


Durante a distribuição de 150 unidades, mediante senha, os grevistas entregaram à população material informativo explicando os motivos da ação. Isso porque a reivindicação de um preço mais justo do gás de cozinha e combustíveis é uma das bandeiras da greve nacional da categoria que luta também pela manutenção de direitos e contra as demissões.


Segundo os petroleiros, o preço do gás sofreu uma disparada em 2019, quando o Governo Federal forçou a Petrobras a adotar uma política de paridade com os preços internacionais. Em vez de calcular os custos de produção de gás e petróleo no Brasil pelo real, a moeda brasileira, agora eles são dimensionados em dólar. Uma mudança que prejudica a população mais pobre, de acordo com os grevistas. 


A balconista Daniela da Silva, 37 anos, moradora da Vila Mathias, em Santos, foi a primeira da fila e às 11h já estava na porta do sindicato. “Quando soube, eu vim correndo porque o preço vale a pena. Em casa, são nove pessoas e a gente sabe o quanto esse valor pesa no orçamento. Já ficamos alguns dias sem gás”.


A dona de casa Rosecler Gomes de Souza, de 63 anos, do Campo Grande, em Santos, também chegou cedo. Ela conta que o gás que tem em casa, comprado em dezembro de 2019, custou R$ 95. “Já está acabando. O bom seria se fosse esse preço sempre”.


Para reduzir o valor do gás de cozinha e derivados de petróleo, os petroleiros defendem o fim da paridade de preços com a cotação do mercado internacional, a suspensão do que definem como desmonte da companhia (com a venda de ativos, demissões e outras medidas), a diminuição da importação de derivados e a retomada das obras de ampliação das refinarias para atender o mercado interno e gerar empregos.


Procurada, a Petrobras informou que não tem ingerência no preço do gás de cozinha ao consumidor final. Informa que, desde 2002, as importações de GLP foram liberadas e o seu valor passou a ser definido pelo próprio mercado. O GLP pode ser produzido pela Petrobras, outros refinadores instalados no país, centrais petroquímicas particulares ou, ainda, importado por qualquer empresa autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


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