Bebê de 2 meses corre risco de ficar cega e família de São Vicente faz 'vaquinha' para cirurgia

Safira tem retinopatia da prematuridade, que é um descolamento da retina. O problema aconteceu por ela ter nascido prematura, com 33 semanas

Por: Marcela Ferreira  -  15/07/20  -  12:44
Bebê corre risco de ficar cega e família não consegue arcar com despesas da operação
Bebê corre risco de ficar cega e família não consegue arcar com despesas da operação   Foto: Arquivo pessoal/Juliana Mattos

A família de Safira Correa Mattos corre contra o tempo para conseguir uma cirurgia para impedir que a bebê, de dois meses, fique cega. A mãe, Juliana Mattos, de 32 anos, conta que, por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os hospitais interromperam a realização da cirurgia que sua bebê precisa.


Safira tem retinopatia da prematuridade, que é um descolamento da retina. O problema aconteceu por ela ter nascido prematura, com 33 semanas. A bebê já passou por uma cirurgia de fotocoagulação a laser, que não foi suficiente para impedir a progressão da doença. Agora, ela precisa de uma vitrectomia. “O SUS não está fazendo por causa da pandemia. Já fui em três hospitais na capital, porque na Baixada Santista não tem médico que faça.”, explica a mãe, Juliana.


Para conseguir arrecadar dinheiro suficiente para realizar a cirurgia em um hospital particular, a família de Safira decidiu criar uma ‘vaquinha’ online (clique para doar), com a meta de atingir R$ 50 mil em doações. Até esta terça-feira (14) o valor arrecadado era de R$ 16.509,00. A vaquinha termina no dia 22 de julho, e até lá a família pede ajuda para conseguir o dinheiro.


“A cirurgia precisa ser rápida. Se tivesse hoje o valor, já teria que ir fazer. Quanto mais passa o tempo, mais descola a retina, e não é garantido que a cirurgia recupere a visão que já foi perdida, então ela pode ficar cega se demorar muito”, diz a mãe.


Safira já teve descolamento da retina nas laterais dos olhos, e precisa de cirurgia para impedir progressão da doença
Safira já teve descolamento da retina nas laterais dos olhos, e precisa de cirurgia para impedir progressão da doença   Foto: Arquivo pessoal/Juliana Mattos

Juliana ainda conta que não sabia da possibilidade da filha ter a doença quando saiu do hospital após o parto. “Na consulta de rotina com oftalmo foi um choque. Dali em diante tenho tentado de tudo para que ela não fique cega, mas não depende só de mim. Preciso do atendimento do SUS porque não posso pagar um particular. No Guilherme Álvaro estão fazendo de tudo para ajudar, mas a operação só é feita em São Paulo”, desabafou.


Retinopatia de prematuridade


De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia Sociedade Brasileira de Pediatria, a retinopatia da prematuridade é uma doença causada pela falta de vascularização adequada da retina dos recém-nascidos prematuros.


O oftalmologista Celso Afonso Gonçalves explica que a doença evolui muito rápido nas fases iniciais, em questão de dias. "Por esse motivo esses bebês necessitam atenção especial e muito precoce já nos primeiros dias de vida. O ideal é que o tratamento ocorra nas fases inicias. O prognóstico é muito melhor. Nas fases tardias , a cirurgia está indicada, mas com prognóstico muito limitado, muitas vezes apenas para tentar deixar uma visão util para criança, em que ela consegue enxergar vultos", diz o especialista.


Esse problema pode levar a cegueira ou a graves sequelas visuais. É uma das principais causas de cegueira prevenível na infância, e estima-se que 2/3 das 50.000 crianças cegas em todo o mundo vivem na América Latina.


A proporção de cegueira causada pela retinopatia é muito influenciada pelo nível de cuidados neonatais - como a disponibilidade de recursos humanos, equipamentos, acesso e qualidade de atendimento -, assim como pela existência de programas de triagem e tratamento.


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