Após um ano e meio, conjunto residencial tem falhas estruturais

Moradores do Santos T pedem providências

Por: Isabela dos Santos & Colaboradora &  -  16/06/19  -  22:06
Problemas estruturais do Residencial Santos T preocupam moradores
Problemas estruturais do Residencial Santos T preocupam moradores   Foto: Sílvio Luiz/ AT

A entrega do conjunto habitacional Residencial Santos T, parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Santos, que recebeu os moradores da extinta favela Vila Santa Casa, na Encruzilhada, está prestes a completar um ano e meio. Foram 133 apartamentos entregues, porém, desde a mudança, os moradores relatam diversos problemas de construção e infraestrutura.


Atualmente, os dois elevadores são o alvo das reclamações. As pessoas alegam que, de repente, os equipamentos param ou têm quedas bruscas nos andares. “Minha sobrinha de 6 anos passou pela situação. O elevador despencou três andares e agora ela tem trauma. Para levá-la à escola, descemos os nove andares de escada”, relata a técnica de enfermagem Mônica Domingos Alves, de 49 anos.


O síndico Mário Antonio Laurentino Santos, de 54 anos, afirma chamar a empresa Hyundai, responsável pela manutenção, quando as quedas ocorrem. “Eles consertam, mas afirmam que o problema é outro”.


Ano passado, uma vistoria da Hyundai constatou a necessidade de reformulação da casa de máquinas. Segundo o apurado, os resíduos da obra deixados no local mais a falta de ventilação afetam o funcionamento dos equipamentos.


A FSantos, administradora do conjunto, afirma ter enviado vários ofícios à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e à Cohab de Santos, responsáveis pelo empreendimento, comunicando esse e outros problemas. Inclusive, em agosto do ano passado, teria enviado o resultado da vistoria.


“Nunca foi dada uma resposta oficial. Fazemos reuniões, enviamos e-mails, telefonamos, eles até vêm aqui, mas não dá em nada”, disse Elber Lisboa da Silva, responsável técnico pela administração do conjunto.


Na última semana, o vereador Benedito Furtado (PSB) enviou requerimentos à CDHU e à Cohab, solicitando a manutenção urgente dos equipamentos. “Há uns 20 dias os moradores me deixaram ciente da situação. Fiquei muito preocupado, isso é grave. Não é um problema que pode esperar, alguém pode se acidentar ou algo pior pode acontecer”.


Dois elevadores são alvo de reclamações: equipamentos param de repente ou têm quedas bruscas
Dois elevadores são alvo de reclamações: equipamentos param de repente ou têm quedas bruscas   Foto: Sílvio Luiz/ AT

Sem problemas?


Em nota, a Cohab, por meio da Prefeitura de Santos, afirma que “os elevadores possuem manutenção por parte da empresa fabricante e não oferecem qualquer risco aos moradores”.


A Administração Municipal é a responsável pelo projeto da obra, mas não respondeu ao questionamento se a instalação de janelas na casa de máquinas constava no projeto original.


Já a CDHU afirma que os elevadores possuem manutenção permanente por parte da empresa fabricante e que não foi deixado resíduos da obra na casa de máquinas.


O órgão do Governo do Estado também rebate a informação de que a FSantos encaminhou em agosto de 2018 o relatório da empresa responsável pela manutenção dos elevadores, que falava dos problemas vigentes na casa de máquinas.


“A falta de ventilação no maquinário só foi reclamada recentemente pela fabricante e a CDHU estuda forma de providenciar a melhoria solicitada a respeito da ventilação na área”.


AVCB foi cassado pelos bombeiros


Outro problema que assombra os moradores desde fevereiro é a cassação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) .


De acordo com o síndico, Mário Antonio Laurentino, e com a administradora FSantos, a situação foi informada à Cohab e à CDHU logo após a visita dos profissionais, no fim de 2018. Até agora nada foi feito.


Entre as irregularidades citadas pelos bombeiros estão a falta de instalação do sistema de detecção de fumaça e a inoperação do alarme de incêndio.


Além destes, os moradores relatam deficiências nas bombas de água, registram pontos de vazamento na rede hidráulica, junto aos reservatórios, e na rede de esgoto. Também falam das rachaduras nas partes externas e internas do prédio.


“Vira e mexe falta água, por causa das bombas que não funcionam direito. A empresa responsável pela manutenção da drenagem aponta problemas no sistema e convivemos com muita infiltração. Quando chove, a garagem vira uma poça e o salão de festas também é atingido”, afirma o síndico.


Os problemas são considerados pelos moradores como de responsabilidade da construtora. Segundo a FSantos, as deficiências foram encaminhadas para a CDHU em um relatório com fotos, em agosto do ano passado.


“O que é de responsabilidade dos moradores a gente faz. Estamos enviando para a CDHU os problemas de construção e estrutura”, afirma Elber Lisboa, técnico administrativo do condomínio.


Respostas


A Prefeitura informa que a Cohab Santista deve ser procurada pelos moradores do prédio. E diz que “todos os problemas referentes a vícios de construção deverão e estão sendo comunicados formalmente à CDHU para sua devida avaliação e resolução”. A Administração garante que a Cohab acompanha os problemas. Em nota, a CDHU afirma não haver problemas estruturais no prédio. Em relação à cassação do AVCB, afirma que a construção foi entregue com o documento atestado pelo Corpo de Bombeiros e que “as irregularidades apontadas na renovação do AVCB são de responsabilidade do condomínio”.


Diz ainda que, em 4 de junho, realizou reunião com o síndico, moradores e vereador Benedito Furtado para a resolução dos problemas. Afirma que as reclamações dos moradores são vistoriadas por equipe técnica e encaminhadas à construtora para solução, caso sejam provenientes de vícios de construção. O órgão ainda ressalta que “a conservação do local, com manutenções preventivas e serviços de reparo, deve ser feita pelo condomínio”.


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