Após áudio com teor racista, secretário de Santos pede licença do cargo

Adilson Durante Filho também é membro do Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube. Nas redes sociais, torcedores do Peixe pedem sua saída do clube

Por: De A Tribuna On-line  -  18/04/19  -  23:20
Adilson é membro do Conselho Deliberativo do Santos
Adilson é membro do Conselho Deliberativo do Santos   Foto: Reprodução/Twitter

O secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, pediu licença do cargo após um áudio vazado na internet nesta quinta-feira (18), no qual faz comentários de teor racista. Na gravação, ele diz que pardos e mulatos são "uma raça que não tem caráter". Adilson também é membro do Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube, onde também já atuou como diretor de Futebol. O áudio repercutiu entre torcedores do Peixe, que pedem sua saída do clube.


"Sempre que tiver um pardo... O pardo o que que é? Não é aquele negão, mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, você tem que desconfiar de todos que você conhecer. Essa cor é uma mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade", diz Adilson no áudio.


"É verdade, isso é estudo. Todo pardo, mulato, tu tem que tomar cuidado. Não mulato tipo o P... (amigo do conselheiro). O P... é tipo para índio, tipo chileno, essas porr*. To dizendo um mulato brasileiro. Os pardos brasileiros. São todos mau-caráter. Não tem um que não seja", completa.


Em nota, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), confirmou que Adilson Durante pediu licença não remunerada do cargo. "Reconheceu o grave erro, pediu desculpas, se retratou publicamente e está ciente da sua responsabilidade e das possíveis consequências desse ato cometido na esfera de sua vida privada. Ele pediu licença não remunerada de suas funções para que possa prestar os esclarecimentos devidos decorrentes da sua manifestação".


Barbosa acrescentou que a situação administrativa do funcionário está suspensa, com prejuízo dos vencimentos, e assim permanecerá durante todo o período de seu afastamento.


A declaração foi reprovada pela torcida 'Santos FC Antifascista', que divulgou um vídeo nas redes sociais com o áudio do conselheiro, que foi diretor de Futebol do Peixe entre 2008 e 2009. Nos comentários da publicação, torcedores pedem sua saída do clube.


Em nota, Adilson assumiu a autoria do áudio e alegou que não teve a intenção de atingir quem quer que seja, e que não tem preconceito em razão de cor, raça ou credo. Segundo ele, foi um momento de infelicidade levado pela emoção.



Confira a íntegra do comunicado:


Com relação a um antigo áudio de alguns anos atrás que circula nas mídias sociais, de minha autoria, gostaria de expor que, em um momento de infelicidade e levado pela emoção, em decorrência de um fato que muito me abalou, acabei me expressando de forma absolutamente diversa das minhas crenças e modo de agir. Jamais tive a intenção de atingir quem quer que seja, até porque assim me manifestei em um pequeno grupo de supostos amigos de WhatsApp. Consigno que não tenho qualquer preconceito em razão de cor, raça ou credo, pois minha criação não me permitiria ser diferente. Peço, humildemente, desculpas a todos que se sentiram ofendidos, e expresso, por meio deste comunicado, meu mais profundo arrependimento quanto às palavras genericamente proferidas.


Com a repercussão do caso, o Santos FC divulgou uma nota destacando sua história de combate ao racismo e lamentando que tenham que vir a público reafirmar o absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo.


Confira a íntegra da resposta do Santos:


O Santos Futebol Clube tem em sua trajetória a marca de ter sido, nos anos 60, um dos símbolos mais fortes, a nível mundial, do combate ao racismo, ainda engatinhando naquela época, mas que se fortalecia. O time mágico de Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e tantos outros gênios do futebol espalhou aquela maravilhosa imagem de brancos e negros se abraçando para comemorar gols que encantavam o mundo. Até hoje mantemos acesa essa tradição. Assim, é muito triste que tantas décadas depois tenhamos de vir a público reafirmar nosso absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo.


Temos orgulho da nossa história construída em 107 anos de existência por ídolos negros, pardos, brancos e seres humanos de todas as etnias. Brasileiros, somos produto da miscigenação. Santistas, vamos continuar lutando pela paz do nosso branco e pela nobreza do nosso preto, cores eternamente entrelaçadas em nossa história.


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