Ambulantes citam alívio após volta das atividades em Santos

Atividade foi liberada após quatro meses de suspensão dos trabalhos devido à pandemia do novo coronavírus

Por: Rosana Rife  -  21/07/20  -  11:25
Ambulantes voltaram a trabalhar em Santos
Ambulantes voltaram a trabalhar em Santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Alívio. A palavra foi a mais utilizada pelos ambulantes que puderam retomar suas atividades nesta segunda-feira (20), em Santos, após quatro meses de suspensão dos trabalhos devido à pandemia do novo coronavírus. O decreto municipal autorizando a retomada foi publicado no Diário Oficial na última quinta-feira. A exceção ficou para quem atua na faixa de areia e da orla da praia. Na Cidade, são quase 650 pessoas que atuam nessa função.


Edivânia de Oliveira Almeida, 31anos,que o diga. Ela tem uma barraca entre as ruas Riachuelo e Amador Bueno, no Centro. É dela que retira o ganha-pão há cinco anos. Com a proibição de trabalhar durante o isolamento social, viu sua fonte de renda minguar. 


O único sustento da família ficou por conta do marido, que atua como motorista de aplicativo. Mas a atividade não foi suficiente para cobrir todas as contas.


“Está tudo atrasado, inclusive o aluguel. Estou pagando aos poucos. Agora vou ver se consigo colocar as contas em dia. Foi muito difícil. É um alívio poder voltar”.


O auxílio-emergencial, pago pelo Governo Federal, em parcelas de R$ 600,00, foi a salvação para Arlete Menezes Santana Batista, 55 anos. Há dois anos, ela trabalhava passando roupas, mas resolveu apostar numa barraca, na Rua Amador Bueno, junto com o filho Pedro, 19 anos, para tentar uma vida melhor. 


“Sobrevivi com o auxílio e com a ajuda dos filhos. Foi muito difícil. Espero, agora, que o movimento volte e a situação melhore, porque não está fácil”.


Edivânia tem uma barraca entre as ruas Riachuelo e Amador Bueno, no Centro
Edivânia tem uma barraca entre as ruas Riachuelo e Amador Bueno, no Centro   Foto: Alexsander Ferraz/AT

No caso da ambulante Andrea de Souza Nogueira, 48 anos, foram as máscaras que colocaram comida na mesa e ajudaram a pagar parte das contas, porque ainda tem muita coisa atrasada, segundo ela. O aluguel, de R$ 1.200,00,por exemplo, tem sido desembolsado em partes, depois de um acordo com a proprietária do imóvel, no Rádio Clube. 


“Fui para a rua vender máscara. Parava nos semáforos e vendia. Não podia abrir a barraca e todo mundo precisa do sustento. Trabalho no ramo há 23 anos e ficamos renegados. Fomos os últimos a poder voltar à atividade. Agora é ir pra cima esperando que dê certo”.


Recomeço


Depois de assumir a barraca que era do pai, na Rua João Pessoa, há seis anos, Bruno Boni, 36 anos, espera por mais um novo recomeço a partir de agora. Foram quatro meses vendo as contas de acumulando e a prestação do imóvel atrasando sem pode fazer muita coisa. 


“É desesperador. Vocêfica em casa e não sabe quando poderá voltar. Fui trabalhar com aplicativo, enchi laje, vendi pela internet. Para a comida não faltou. Mas não era suficiente para as contas. Nesse tempo, a gente recebeu só uma cesta bem básica para ajudar”.


Agora a torcida é por dias melhores. “Trabalhava como encanador, por contrato com empreiteiras. Assumi a barraca do meu pai, quando ele faleceu, para ter algo mais algo fixo. e vem essa pandemia e muda tudo. Espero que daqui para a frente melhore e a gente consiga colocar a vida em ordem”.


Andrea vendeu máscaras enquanto não podia trabalhar
Andrea vendeu máscaras enquanto não podia trabalhar   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Praia


O grande problema fica para o pessoal que trabalha na praia, diz a presidente do “Quem voltou está feliz, mas está sendo muito difícil. Estou pedindo a isenção da licença deste ano. O pedido foi protocolado hoje (ontem). Agora a luta é a praia. quando o pessoal volta? Se esperar todo mundo usar máscara, não volta. E quem tinha alguma reserva, já acabou faz tempo”, relata a presidente do Sindicato do Comércio Ambulante e Permissinários da Baixada Santista, Neli Ferreira Gonçalves.


Não pode


Fica de fora da reabertura quem, antes da pandemia, atuava na faixa de areia. Nesse caso, ainda sem prazo para retorno. 
Já os ambulantes que atuam no Quebra Mar, no Emissário Submarino, terão espaço no bolsão de estacionamento do José Menino e poderão atuar por seis horas diárias. 


Na região central (bairros Valongo, Centro, Paquetá, Vila Nova e Vila Mathias), o horário será das 11 às 17 horas, de segunda a sexta-feira, e das 9 às 15 horas, aos sábados e domingos. Nas demais áreas, todos os dias, das 13 às 19 horas. 
Cuidados.


Os comerciantes deverão seguir recomendações, como usar equipamentos de higiene e proteção e manter o distanciamento.
Quem atua com alimentação, não poderá permitir o consumo no local.


Deverá embalar os alimentos em materiais descartáveis, disponibilizar álcool em gel e estabelecer distância de dois metros entre as pessoas que atendem. 


Os profissionais também estão impedidos de oferecer cadeiras, bancos, mesas e de usar guarda-sóis, lonas e toldos.


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