55 anos depois, Jango é homenageado em Santos

O tributo foi recebido, nesta quarta-feira (2), pelo herdeiro João Vicente Goulart Filho, que falou da emoção ao ver o nome do pai relembrado e respeitado

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  03/10/19  -  22:04
João Goulart Filho celebrou o título do pai ao lado dos vereadores Benedito Furtado e Telma de Souza
João Goulart Filho celebrou o título do pai ao lado dos vereadores Benedito Furtado e Telma de Souza   Foto: Irandy Ribas/ AT

Passados 55 anos, a Câmara de Santos retomou uma antiga resolução aprovada na Casa e concedeu o título de cidadão santista póstumo ao ex-presidente da República João Goulart, o Jango (1919-1976). Em julho de 1964, o título foi revogado após sua deposição do cargo, o exílio no Uruguai e a ascensão dos militares ao poder. O presidente morreu em Mercedes, na Argentina, em 1976. 


A homenagem póstuma foi recebida, nesta quarta-feira (2), pelo herdeiro João Vicente Goulart Filho, que falou da emoção ao ver o nome do pai relembrado e respeitado.  


“Atitudes como essa resgatam momentos importantes da vida nacional. Tenho muito orgulho de ser filho do presidente da República e não teria orgulho de ser filho de qualquer ditador que subjugou o povo brasileiro”. 


O projeto de lei que havia conferido o título a Jango é de autoria do ex-vereador José Gonçalves. O tema voltou à pauta por iniciativa de Benedito Furtado (PSB).  


“Queremos honrar os companheiros que nos antecederam e entenderam as razões da propositura do vereador José Gonçalves, além de apagar essa triste história do Legislativo santista”, disse Furtado, antes de passar às mãos de Goulart Filho o título póstumo. 


O vereador aponta que a homenagem se trata da honraria máxima da Cidade e coloca o nome de Jango na relação de seus “filhos escolhidos”. 


“João Goulart teve uma conduta firme na luta dos direitos dos mais pobres e em prol das reformas de base. Foi o que levou a elite brasileira ao pavor, a ponto de afrontar as constituições da época”. 


Missão 


Goulart Filho diz ver o atual cenário político brasileiro muito similar ao período em que seu pai foi deposto. Ele entende que é hora de defender a democracia.  


“É um momento grave, de risco de perda do conceito democrático. Devemos centrar nossas atenções antes de discutir as diferenças internas, que são mínimas diante da perda democrática e da liberdade, o que nós conhecemos pelos longos anos de exílio e tempo para derrubar uma ditadura após 21 anos no poder”. 


O filho de Jango foi deputado estadual no Rio Grande do Sul entre 1983 e 1987 e concorreu à Presidência em 2018 pelo PPL, mas acabou em último. Ele afirmou que não pretende disputar novamente o cargo. 


O político justificou o resultado como reflexo do baixo investimento, pouco tempo de TV e polarização da disputa. Apesar disso, garante ter plantado a semente e deixado um recado, indicando a necessidade da continuidade das reformas iniciadas por Jango.  


Histórico político 


O advogado João Belchior Marques Goulart foi deputado estadual no Rio Grande do Sul, deputado federal, ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no Governo Vargas e vice-presidente de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Quando este último renunciou, Jango ascendeu ao cargo de presidente. Com propostas de reformas de base e agrária, muitos diziam que Jango queria o comunismo no Brasil, o que o colocou contra a elite do País, os militares e os Estados Unidos. 


Agenda  


Goulart Filho segue na região e, nesta quinta-feira (3), às 9h, participa de exposição fotográfica no Sintraport. Ainda no sindicato, às 10h, debaterá sobre democracia e conjuntura nacional. Às 12h, estará na Praça dos Andradas, no Centro, para homenagem a Getúlio Vargas. 


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