Índice de renovação de vereadores fica em 28% em Santos, o menor da região

Câmara Municipal terá seis novos legisladores e maior participação feminina

Por: Maurício Martins  -  17/11/20  -  10:00
Câmara de Santos tem 21 cadeiras, maioria se reelegeu
Câmara de Santos tem 21 cadeiras, maioria se reelegeu   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A Câmara de Santos terá seis novos vereadores na próxima legislatura (2021-2024). Considerando os 21 parlamentares, o índice de renovação é de 28,6%, o menor entre as cidades da região. Os  legisladores que que iniciam seu mandato a partir do ano que vem são: Débora Camilo (PSOL), Paulo Miyasiro (Republicanos), Marcos Libório (PSB), Fábio Duarte (Pode), João Neri (DEM) e Adriano Piemonte (PSL).  


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“Como se dizia que nessa eleição a renovação seria baixíssima, tendo em vista a pandemia, a dificuldade de fazer campanha para os novos, o índice é razoável e até certo ponto surpreende. É verdade que dois novos ocupam cadeira de vereadores que não se candidataram à reeleição”, diz o cientista político Alcindo Gonçalves, coordenador do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT).  


Embora não seja uma renovação expressiva (em 2014 foi maior, de 42,8% - nove cadeiras), há novidades que chamam a atenção. Um exemplo é o aumento da participação feminina com Débora Camilo, que agora se junta à Telma de Souza (PT) e Audrey Kleys (PP), reeleitas.  


Aliás, essas três mulheres tiveram excelentes votações. Telma e Audrey ficaram em primeiro e segundo lugares, respectivamente, enquanto a candidata do PSOL terminou em quarto. Juntas, elas obtiveram 18.908 votos, o que representa 28% dos 67.348 votos dados aos 21 eleitos. 


“Aumentou em uma mulher, mas ainda está muito longe de ser a representação da população feminina em Santos, que é de 55% de mulheres. Mas não deixa de ser positivo que mais uma mulher tenha sido eleita”, analisa Gonçalves.  


Para o cientista político Marcelo Di Giuseppe, as pessoas não votam pensando na participação feminina, mais em nomes que se destacam. “A Telma já foi prefeita, tem uma bandeira histórica e todo mundo conhece. A Audrey entrou na política já sendo conhecida como repórter de TV, uma vantagem muito grande. Já a Débora representa a nova esquerda”.  


Cadeira inédita 


Débora Camilo assumirá a única cadeira conquistada pelo PSOL na região, um feito inédito. “Nossa quantidade de votos, mais de oito mil quando considerado o conjunto do partido, reflete a ânsia por mudança. Tínhamos que ter mais representatividade da mulher, seremos somente três, mas já é uma conquista”, diz a vereadora eleita. 


A integrante do PSOL considera que estar na Câmara possibilitará levar ao Legislativo todas as lutas do partido e os anseios da população. “Sou alguém que vive a cidade, da periferia, que conhece os problemas. Nosso mandato será coletivo, popular”. 


O coordenador do IPAT diz que O PSOL ocupou um espaço maior em todo o Brasil. “Está muito ligado ao desgaste do PT, e à busca de novas lideranças, de uma hegemonia na esquerda. (Guilherme) Boulos não é um fenômeno isolado, PSOL teve bom desempenho na Câmara de São Paulo e outras cidades do Brasil”. 


Para Marcelo Di Giuseppe, existe um novo momento da esquerda brasileira. “As pessoas estão colocando o PT de lado e o PSOL é a nova esquerda, com discurso mais elitizado, sem a mancha do PT. A Débora representa isso, que não é mais ou menos radical, é esquerda”.  


Ideologia 


Para Gonçalves, embora a Câmara de Santos ganhe mais uma integrante da esquerda, está longe de ocorrer uma mudança ideológica no Legislativo santista. “A hegemonia largamente é de um espectro de centro, centro-direita, que certamente fará uma base de apoio ao prefeito Rogério Santos (PSDB)”.  


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