Queda de elevador que matou quatro completa um mês sem respostas a moradores de prédio

Laudo ainda não foi concluído; enquanto isso, moradores de prédio em Santos, que tem nove andares, só podem utilizar escadas

Por: Rosana Rife  -  29/01/20  -  08:00
Luciene Narciso já prepara mudança para prédio sem elevador
Luciene Narciso já prepara mudança para prédio sem elevador   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O acidente com o elevador que matou quatro pessoas no Edifício Tiffany, na Vila Belmiro, em Santos, completa um mês, nesta quinta-feira (30), com os moradores do prédio tentando retomar a rotina e na expectativa por respostas sobre o que causou a tragédia. Para muitos, ainda é difícil falar sobre o assunto, e há quem tenha decidido até trocar de endereço devido à tragédia.


É o caso de Luciene Luiz Narciso, de 45 anos, que vive em um apartamento no 6º andar do Tiffany, com o marido e dois filhos. Eles estão de mudança praticamente pronta. A família vai para um prédio de três andares, sem elevador, no Canal 2.


“Não há como ficar aqui. A gente os conhecia. Viu como o elevador ficou, como os corpos saíram. É muita tristeza. Acho que não fiquei com trauma, mas prefiro evitar elevadores”.


Ela conta que, no dia do acidente, estava em casa quando escutou um forte estrondo. “Achei que tinha sido uma explosão. Não era. Meu marido tinha usado o elevador uns 5 minutos antes de ele despencar. Poderia ter sido ele”.


Luciene diz, ainda, que o filho mais novo, de 5 anos, já resistia na hora de entrar no equipamento. “Ele só ia de escada já há algum tempo, porque ouvia histórias de vizinhos que ficaram presos ou de que o elevador parava de funcionar, e ficou com medo”.


Sem muita conversa


A Reportagem tentou falar com outros moradores, porém, muitos preferiram não falar sobre o assunto. Um deles alegou não estar autorizado para isso.


Já uma moradora, que pediu para não ser identificada, relata que o dia a dia tem sido encarar a escada cada vez que precisa sair de casa, uma vez que o elevador social também foi interditado e não há previsão para a troca. Mas isso não tem sido um problema. “Moro no 5º andar e uso a escada, pelo menos, umas quatro vezes”.


A vizinha do 2º andar, que também não quis se identificar, falou rapidamente. “Estamos nos adaptando à situação. Tentando voltar à rotina. Tenho um filho de 5 anos e não contei sobre o acidente. Falo que usamos a escada porque o elevador quebrou”.


Na avaliação de Luciene, a imagem da tragédia não será apagada da lembrança, mesmo após a troca dos elevadores. “Acho que ninguém vai querer usar. Talvez com o tempo, pode ser que mudem de ideia”.


Respostas


A Prefeitura de Santos informou que aguarda o resultado da perícia feita pela polícia criminalista. Também disse que a Villarta, empresa responsável pela manutenção do equipamento, foi intimada a apresentar laudo sobre o equipamento.


O laudo deverá ser entregue no dia 6 de fevereiro, após pedido de prorrogação da empresa para a entrega da documentação.


Já a Superintendência da Polícia Técnico Científica comunicou, em nota, que a perícia está em andamento e dentro do prazo legal. Porém, não precisou quando.


“Assim que os laudos estiverem concluídos, serão entregues para análise da autoridade policial responsável pelo caso, no 2º DP de Santos, que segue em diligências para esclarecer os fatos”.


A Villarta reforçou que a manutenção do equipamento encontrava-se em dia eatendia a todas as normas técnicas e legais exigidas, acrescentando que não é a fabricante do elevador. A empresa informou, ainda, que aguarda resultado da perícia oficial.


Apoio


A Marinha informou que presta apoio aos familiares e moradores do Edifício Tiffany por meio de assistências social e psicológica, e disponibilizou outras residências para os familiares das vítimas e moradores que tenham alguma dificuldade motora para minimizar os transtornos causados pelo acidente. E aguarda o resultado da perícia feita pela Polícia Civil. A substituição dos equipamentos requer o fim da perícia.


Cabine do elevador que despencou ficou completamente destruída
Cabine do elevador que despencou ficou completamente destruída   Foto: ATribuna.com.br

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