A quarentena pode promover o isolamento social, mas, ao mesmo tempo, parece estimular a percepção das pessoas quanto situações normalmente ignoradas, como o canto de pássaros e o aumento populacional das aves. O tema tem sido levantado por alguns leitores, e é relacionado à menor emissão de gases poluentes, ruídos e fluxo de pessoas.
A bióloga Sandra Pivelli, no entanto, diz que não há como confirmar essa impressão, mas aponta alguns fatores que podem contribuir para essa sensação. Um deles, é o ingresso das aves no meio urbano, agora menos movimentado; outro fator já mencionado tem a ver com os sentidos mais aguçados da população, além de estarmos em um período pré-migratório.
Segundo ela, neste momento, as aves começam a se juntar e se alimentar para aguentar a longa viagem que vem pela frente, assim que os dias ficarem mais frios entre a região Sul e Sudeste.
“É difícil dizer que aumentou. Para isso deveria ter uma contagem populacional inicial, o que não é tão simples fazer. A percepção da população aumenta na quarentena. Vejo que, quem não era observador e não prestava atenção nas aves, acaba por se interessar no assunto”.
Sandra relembra que o ser humano também é um animal e quando deixa o ritmo urbano (forçado pela pandemia), volta ao ritmo natural, passando a se conectar mais com o meio ambiente.
Ao mesmo tempo em que a bióloga não tem como analisar o crescimento populacional neste período de quarentena, ela ressalta que há alguns anos aumentou o número de espécies observadas em Santos, por exemplo. Segundo ela, são 300 na cidade. Dessas, cerca de 50 ficam pela orla.
Poluição
A reportagem de ATribuna.com.br entrou em contato com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para saber se o período de quarentena impactou em redução na poluição. Em nota, o órgão informou que “houve uma diminuição da circulação de veículos e consequente redução das emissões atmosféricas geradas por este tipo de fonte”.
Entretanto, acrescentou: “Pelo fato da qualidade do ar ser também fortemente influenciada pelas condições meteorológicas de dispersão dos poluentes, é complexo quantificar exatamente a contribuição da redução atual das atividades nos níveis de qualidade do ar”.
A Cetesb ressalta que precisa de um período maior para uma análise mais conclusiva sobre o tema.