As máscaras contra o coronavírus, obrigatórias para sair de casa, já são muito mais do que um item de proteção. De personagens e bichinhos, estampadas ou coloridas, elas agora também mostram a personalidade e o estilo de seus donos. Quem tem talento para a costura, se jogou de cabeça nesse universo.
Pelas ruas, são diversos modelos e cores. Mas, o mais importante, todas devem garantir a segurança e a saúde das pessoas. E tanto de quem usa quanto de quem está por perto.
Segundo o infectologista Jacyr Pasternak, do Hospital Israelita Albert Einstein, são necessários cuidados para que a máscara seja eficiente. A escolha do tecido faz toda a diferença.
“A máscara é uma barreira eficiente pelo tempo de vida dela, que é de duas a quatro horas. O ideal é não falar nesse período. Se fizer isso, ela ficará úmida mais rápido e deverá ser trocada antes desse tempo”.
A máscara deve ser limpa, cobrir o nariz e não ser tocada enquanto estiver no rosto. “O ideal é deixá-la por alguns minutos em uma solução de água sanitária com água comum e, depois, lavá-la nas mãos ou em uma máquina com água e sabão”.
A infectologista Mariana Navarro explica que o tecido mais grosso é melhor, como o algodão. Também é preciso pensar em conforto e na passagem de ar, que não deverá ser dificultada.
“As pessoas precisam entender que a máscara é fundamental para diminuir a contaminação do ambiente e das pessoas que estão perto de nós. Ela deve ter ao menos duas camadas”.
A médica recomenda que a retirada da máscara do rosto seja feita pelo elástico. Também é importante lavar as mãos antes e depois de tocá-la.
“Essa medida do uso obrigatório de máscara é fundamental para conter a doença. A máscara de pano é bastante eficiente, principalmente em locais de grande aglomeração, como mercado e ônibus. É preciso encarar a situação como uma mudança de hábito”.
Para ela, apostar em modelos coloridos e que tenham a ver com você fazem toda a diferença. “Se for para incentivar o uso, é bastante válido. Ela ficará no rosto por muitas horas e deve agradar”.
Ajudar o próximo
A paixão pela arte de costurar da repórter da TV Tribuna Addriana Cutino começou como uma válvula de escape para a rotina corrida e o ritmo de trabalho intenso. Já faz cinco anos que suas bolsas de tecido são sucesso entre amigas e familiares. Agora, a aposta para alegrar o dia a dia de quem faz parte de sua vida são as máscaras coloridas.
“Vivemos uma fase triste e de mortes. Então, quis produzir modelos com essa pegada alegre. Cheguei na TV com as máscaras diferentes e foram me pedindo. Tenho um banco de tecidos que compro de uma design de São Paulo. São diferenciados e todos com estampas digitalizadas”, explica Addriana.
A repórter da TV Tribuna diz que, na falta de tempo livre para produzir máscaras para doação, tem usado as redes sociais para divulgar trabalhos assim. Nesta segunda-feira (18), às 10h, ela fará uma live no Instagram para ajudar quem quer aprender a confeccionar.
“A máscara vai passar a ser mais do que uma proteção, vai virar um acessório e será um hábito mesmo depois da pandemia. Então, porque não apostar em um modelo estiloso? Ela já esconde a boca e o nariz, cobre a fisionomia, mas pode transformar o seu rosto e te tornar mais bonita e alegre”.
Dedicação
A aposentada e costureira Iray Lancellotti, a Tata, já produziu mais de 300 máscaras desde o começo da pandemia de coronavírus. E é com isso que ela tem dedicado maior parte do tempo.
“Eu não faço para ganhar dinheiro. Pego apenas o retorno do tecido investido. É mais uma maneira de me sentir útil e fazer com que a cabeça não entre em parafuso durante a quarentena”.
Tata, que tem 67 anos e mora na Barra Funda, em Guarujá, pesquisa muito sobre as orientações de como devem ser os modelos e cada cliente tem o seu molde personalizado, para que a peça fique ajustada e confortável.
“O fundo precisa ser branco para não dar alergia do corante. Cada rosto pede um tipo de máscara e elástico, que se adaptam melhor. A novidade agora é fazer máscara com extensor, que pode ser presa na orelha ou na nuca. Faço modelos mais sóbrios para homens e senhoras, mas sigo o gosto do cliente”.
Tata já tem até planos de continuar a produção depois da pandemia. “Só Deus sabe quando tudo isso passará, mas vou continuar fazendo para levar às pessoas que fazem quimioterapia na Santa Casa”.
Mão na massa
A santista Rosana Oliveira se jogou de cabeça nessa ideia quando viu que, na China, as pessoas já estavam usando máscaras por conta da covid-19.
“Eu já fazia patchwork, mas nunca tinha feito máscaras. Comecei com os tecidos que tenho em casa e publicava nas minhas redes sociais. Foi quando recebi encomendas”, diz a funcionária pública federal.
Ela tem desde personagem da Disney e da Marvel até modelos de caveiras e oncinha. “Cada pessoa tem seu estilo e sua identidade. E elas querem mostrar isso nas máscaras”.
Rosana tem disparado entregas para o Brasil todo e diz que é preciso ter um diferencial. Além das diversas opções, o tecido é lavado antes da confecção e passado antes de ser enviado ao cliente.
“Se tiver muita encomenda, faço uma máscara em cinco minutos. Desde o final de março já produzi por volta de 500. O interessante é que elas chamaram a atenção para outros trabalhos que eu já fazia”.
Para Rosana, o mais importante é as pessoas lembrarem que a máscara precisa funcionar, além de ser bonita. “Vi modelos em jeans e couro, mas a pessoa nem conseguirá respirar. A função da máscara é proteger”.