Profissionais da saúde começam a ocupar hotel em Santos

Monte Serrat já recebeu 72 médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e laboratório

Por: Por ATribuna.com.br  -  13/04/20  -  10:26
Médica saindo para o plantão após se instalar no Monte Serrat Hotel
Médica saindo para o plantão após se instalar no Monte Serrat Hotel   Foto: Matheus Tagé

Com o turismo zerado no mundo inteiro, os hotéis viraram alojamentos perfeitos para os profissionais da saúde. Como eles estão na linha de frente no combate ao coronavírus, existia o temor de contaminar os familiares em casa. Santos iniciou essa operação no último sábado (11). O Monte Serrat Hotel (R. Bittencourt, 130) foi o primeiro a ser ocupado.


“Houve um grande interesse por parte desses profissionais, mais de 100 contactaram o nosso e-mail, sendo que 72 se adequaram ao perfil. Portanto estão aptos a ingressarem no hotel e já estão sendo acolhidos através do check-in autorizado”, comenta o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz.


Os hóspedes do Monte Serrat Hotel são médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e técnicos de laboratório. Eles trabalham exclusivamente nos leitos de covid-19 do plano de contingência municipal, no Hospital dos Estivadores, Santa Casa, Guilherme Álvaro, Beneficência Portuguesa, Hospital de Pequeno Porte Central e Pronto-Socorro da Zona Noroeste.


A iniciativa também vale para aqueles que estarão na linha de frente nos hospitais de campanha montados na UPA Central, UPA Zona Leste, Afip e Hospital Vitória.


A proposta de acomodação desses trabalhadores em hotéis ociosos partiu do deputado estadual Kenny Pires Mendes, o Professor Kenny (PP). Ele destinou uma emenda parlamentar, no valor de R$ 300 mil, para Santos a fim de arcar com os custos extras da medida.


O responsável pela pasta ressalta que os profissionais estão em quartos individuais, adequados, com uma estrutura significativa.


“Tem café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Normalmente serão utilizadas duas dessas refeições porque são no contraturno do profissional. Em vias de regras, os plantões são sempre das 7h às 19h e das 19h às 7h. Quando não está trabalhando, está repousando e tem direito às refeições”.


A clínica e cirurgiã geral Melissa Yoshiura Macena, que trabalha em UTIs de hospitais da região, afirma que deixou sua casa em São Vicente, com medo de contaminar a mãe, que é idosa e portadora de fatores de risco, como hipertensão e diabetes.


“Foi uma forma diante da minha alta exposição às pessoas com coronavírus. Eu lido com isso todos os dias. Foi uma maneira que a Prefeitura nos auxiliou para que a gente passe por esse momento tão difícil. A gente fica com medo de contrair o vírus ou se a gente transmitiu para os nossos familiares, como portadores assintomáticos. Foi uma bela iniciativa da Prefeitura, a recepção foi formidável, as instalações são ótimas”.


Dentro do hotel, os profissionais da saúde não têm acesso às áreas comuns, como academia, hall social, cinema e restaurante. O isolamento é total.


“O profissional vai para o quarto e recebe a alimentação na porta. Depois que eles saem, o quarto é higienizado”, comenta Ferraz.


Ampliação


Segundo o secretário de Saúde, caso seja necessário ampliar o serviço, a Prefeitura assim fará. “Outras unidade hoteleiras demonstraram interesse em colaborar com a Prefeitura de Santos e os profissionais da saúde”.


A escolha do Hotel Monte Serrat foi estratégica, mas a Prefeitura não descarta contar com outras redes. “É importante destacar que tivemos diálogo com outras unidades hoteleiras. Foi uma oportunidade importante no Hotel Monte Serrat, o qual se adequa ao perfil exigido inicialmente, pactuado um preço razoável, evidente com tarifas não compatíveis com as tarifas comuns. A localização do hotel pesou bastante, além do próprio tamanho. Noventa quartos não é muito, mas não é pouco. É equilibrado”.


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