Preço do gás de cozinha pode aumentar se a população estocar botijões em casa

Petrobras e sindicado que representa os distribuidores afirmam que produção segue normal e que não há motivo para desespero

Por: Matheus Müller & colaborou Alexsander Ferraz &  -  30/03/20  -  13:15
  Foto: Alexsander Ferraz

A produção do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, segue a todo vapor. No entanto, de acordo com a Petrobras e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), a corrida da população para comprar botijões tem esvaziado os postos de venda, o que pode elevar o preço. A Petrobras, inclusive, fez a importação de um volume adicional do produto, que chegará nos próximos dias ao Porto de Santos.


“Não há qualquer necessidade de estocar GLP neste momento, pois não haverá falta de produto para abastecer a população”, diz a Petrobras, em nota. As vendas aumentaram com o surgimento do coronavírus (Covid-19), e se intensificaram quando ficou difícil de encontrar os botijões na Grande São Paulo. Na Baixada Santista, o produto ainda é achado.


“As importações adicionais se somarão às produções atuais das refinarias da região Sudeste com a chegada de três navios no porto de Santos previstas para os próximos dias”. Cada navio com capacidade adicional de aproximadamente de 20 milhões de quilos de GLP, equivalente a 1,6 milhões de botijões P13.


Baixada Santista


Na região, no entanto, o comércio do gás de cozinha continua sem grandes transtornos para os clientes. Porém, do outro lado do balcão, há uma preocupação quanto à reposição de mercadoria, que tem diminuído, assim como com as vendas futuras.


“Daqui a pouco todo mundo vai ter comprado, e nós? Vamos vender o quê? Não precisa pânico. Não estamos em guerra”, disse dono de uma distribuidora de GLP, em Santos, Leonardo Henrique dos Santos. Segundo ele, tem gente que compra dois, três e até quatro botijões.


O também distribuidor de GLP em Santos, São Vicente e Santo André, Hector Augusto Camargo, conta que os produtos na região metropolitana acabaram há cinco dias, mas, na Baixada Santista, nos dois pontos, está garantido e com fornecimento, apesar de menor.


Dobrou (o número de vendas). Não tem produção para atender a demanda. Em São Paulo não tem gás e já tem gente querendo descer para comprar. Eu aviso: nem venham, ainda mais pelos bloqueios nas estradas”, conta.


Duração do botijão


Camargo ressalta que não há motivo para desespero. Segundo ele, um botijão dura em média 45 dias. Um pouco menos se a família utilizar muito (talvez 30). Para os mais novos, como usam micro-ondas e pedem delivery, a duração é ampliada e pode chegar a três meses.


A preocupação é tanta de que o GLP acabe que tem gente comprando o botijão completo, com o gás. Só o kit custa algo em torno de R$ 150,00. Segundo o empresário Luiz Felipe Nogueira, sócio de uma distribuidora, “tem gente entregando o botijão ainda com gás para pegar outro cheio”. Ele conta que desde sábado (21) o volume de produtos diminuiu.


Vendas


Um levantamento realizado junto às associadas do Sindigás mostra que a demanda pelo botijão de gás permanece elevada. “Isso gera um atraso momentâneo em alguns locais, com filas dos revendedores para retirar o produto. O consumidor antecipou suas compras, gerando uma corrida desnecessária para a compra do botijão. A situação está sendo monitorada permanentemente. As alterações necessárias para adequar o suprimento estarão concluídas no prazo de uma semana a 10 dias”, afirma o sindicato em nota.


O Sindigás ressalta que as empresas distribuidoras estão trabalhando a plena carga. “Não há paralisação ou redução da atividade das companhias, seja motivada por quantidade de produto ou de pessoal”.


E reforça: “Não há, portanto, motivos para uma corrida dos consumidores em busca do botijão de gás. Esse movimento gera a sensação de escassez, que não é real, e pode desencadear a subida dos preços”.


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